Búzios: o ativo mais valioso do Brasil atualmente

O Campo de Búzios é realmente um dos grandes protagonistas no cenário energético global. Situado a cerca de 200 km da costa do Rio de Janeiro, ele se destaca como um supergigante no pré-sal brasileiro. Com uma produção já impressionante de 800 mil barris por dia em março de 2025, Búzios conseguiu ultrapassar o volume de petróleo extraído em países inteiros, como a Colômbia.

Enquanto a produção colombiana já se encontra estabilizada, Búzios está em plena expansão, com previsões que indicam um aumento significativo até 2030. E o que faz deste campo tão especial? A combinação única de geologia, tecnologia e estratégia da Petrobras transformou Búzios no ativo mais valioso do Brasil.

A joia do pré-sal: a descoberta e a geologia do Campo de Búzios

Descoberto no dia 1º de março de 2010, Búzios é envolto em um cenário fascinante. Por estar a aproximadamente 2.000 metros abaixo da superfície do mar e coberto por uma camada de sal igualmente espessa, ele abriga uma vasta área de 852 km².

O que realmente impressiona é a composição do seu reservatório. Em vez de rochas comuns de arenito, encontramos carbonatos microbiais, que são rochas formadas pela atividade de microrganismos ao longo de milhões de anos. Esse tipo de estrutura geológica é como uma “esponja de rocha”, permitindo que o petróleo flua com facilidade, resultando em uma produtividade por poço extremamente alta. Já houve poços em Búzios que chegaram a produzir até 70 mil barris de óleo por dia, um número que muitos campos inteiros não conseguem alcançar.

A frota de FPSOs e as inovações tecnológicas

Explorar Búzios é uma tarefa que exige uma engenharia considerável. A Petrobras investiu na criação de uma verdadeira “cidade” flutuante, com várias plataformas do tipo FPSO (Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência) trabalhando em conjunto. Até o começo de 2025, cinco dessas unidades já estavam em operação, e o FPSO Almirante Tamandaré, a maior unidade de produção do Brasil, começou a operar com capacidade para 225 mil barris por dia.

Os planos da Petrobras incluem a instalação de mais seis FPSOs em Búzios até 2027, o que vai ampliar ainda mais a capacidade de produção. Além disso, inovações como o sistema HISEP®, que permite a separação e reinjeção de CO₂ no fundo do mar, estão sendo implementadas para garantir eficiência e reduzir a pegada de carbono da operação.

Números que impressionam: Búzios no topo do mundo

O crescimento da produção em Búzios é notável. Em apenas cinco anos de operação, já acumularam mais de 1 bilhão de barris de óleo. Para se ter uma ideia, outros campos gigantes alcançam esse marco em quase o dobro do tempo. Com a meta de ultrapassar 1 milhão de barris por dia no segundo semestre de 2025, a expectativa é que até 2030, Búzios chegue a mais de 2 milhões de barris diários, consolidando-se como o maior campo em águas profundas do mundo.

Impacto na Petrobras e na economia brasileira

Búzios é, sem dúvida, o motor financeiro da Petrobras e um pilar para a economia brasileira como um todo. Com um custo de produção que fica abaixo de 28 dólares por barril, o campo é uma das operações de petróleo mais competitivas do planeta. Essa alta rentabilidade vem da tecnologia empregada, que garante a extração de forma eficiente e a baixo custo.

Em 2023, por exemplo, a Petrobras pagou significativos R$ 240 bilhões em impostos e participações governamentais, uma parte considerável oriunda da produção em Búzios, que também gera muitos royalties para estados e municípios. Além disso, o desenvolvimento do campo fomenta a indústria local, com a montagem de partes das plataformas sendo feita em estaleiros brasileiros, o que gera emprego e movimenta a economia.

Atualmente, o petróleo se tornou o principal produto de exportação do Brasil, superando até a soja, em grande parte graças ao Campo de Búzios.

A estrutura de propriedade de Búzios é complexa, sendo operada pela Petrobras com participação de estatais chinesas. Essa parceria não apenas traz investimento, mas também conecta o Brasil ao maior mercado consumidor de energia do mundo.

Apesar de um futuro promissor, a gestão deste projeto de grande escala enfrenta desafios. A entrega dos novos FPSOs no prazo será crucial. Além disso, a discussão sobre a distribuição dos royalties gerados continua a ser um debate social e político importante. No entanto, Búzios se destaca como um projeto fundamental para a próxima década, transformando a posição do Brasil no mercado energético global e alimentando o debate sobre a utilização dos recursos do petróleo em prol de um futuro mais sustentável.