Brasileiros gastam até R$ 2 mil para dormir em locais inusitados
Dormir em uma caverna ou em um antigo farol no meio do nada pode parecer uma aventura radical, mas essa experiência está se tornando cada vez mais popular entre os brasileiros. Essa nova onda de turismo, chamada de "turismo de isolamento", atrai aqueles que desejam escapar da agitação urbana e mergulhar na tranquilidade da natureza.
Essas acomodações nada convencionais, como hospedagens em torres, ilhas sem energia elétrica e cavernas, têm valores que podem chegar a R$ 2 mil por noite. O que realmente atrai os viajantes é o silêncio absoluto e a reconexão com o meio ambiente.
Turismo off-grid no Brasil
Recentemente, dados do Airbnb e Booking.com mostraram um crescimento nas buscas por termos como “refúgio isolado” e “hospedagem na natureza”. O que muitos procuram não é apenas luxo, mas a exclusividade e a sensação de estar desconectado do mundo.
Em certos lugares do litoral do Ceará, torres de observação e estruturas costeiras antigas estão sendo adaptadas como hospedagens únicas, atraindo quem busca novas experiências. Na região de Santa Catarina, algumas grutas e cavernas estão sendo transformadas em pontos turísticos respeitando o meio ambiente.
Alta demanda e estilo de vida desacelerado
Nesse cenário, as plataformas de hospedagem estão se adaptando rapidamente. No exterior, redes como a Unyoked, que oferece microcabines em meio à floresta, já estão conquistando uma popularidade significativa, mesmo com preços que ultrapassam R$ 1,5 mil por diária.
Aqui no Brasil, pequenos negócios têm ampliado suas ofertas de hospedagens rústicas, longe do burburinho das cidades. Essa proposta atrai especialmente os moradores das grandes metrópoles que buscam uma desintoxicação digital. Muitas hospedagens fazem questão de ressaltar que não há Wi-Fi, garantindo a imersão total na experiência.
Natureza, silêncio e arquitetura sustentável
Após a pandemia, o conceito de “slow travel”, que preza por viagens mais calmas e reflexivas, ganhou força. Isso fez com que buscássemos por lugares inusitados. As redes sociais, especialmente o TikTok, bombaram conteúdos sobre estadias em barcos, casas na árvore e até silos agrícolas reformados.
Cidades como Analândia, em São Paulo, já conhecidas por suas trilhas e mirantes, começaram a ver um aumento nas opções de hospedagem que aproveitam a beleza natural do terreno como grande atrativo. Alguns locais, apesar de simples, podem cobrar até R$ 1.800 por noite, devido à sua exclusividade.
O interior de Minas Gerais, o litoral norte do Rio Grande do Sul e o sertão da Bahia também estão se inserindo nesse circuito. Muitas dessas estruturas são administradas por empreendedores locais, que enxergaram uma oportunidade de negócio nesse nicho.
Turismo de isolamento no Brasil
Uma boa notícia é que o impacto ambiental dessas hospedagens costuma ser bem reduzido. A maioria das construções segue critérios de sustentabilidade, utilizando painéis solares, sistemas de compostagem e reúso de água.
Essas experiências, muitas vezes rotuladas como “ecoexperience” ou “eco lodge”, atraem casais, pequenos grupos e até nômades digitais que buscam um período de produtividade sem distrações. Mesmo com tarifas altas, a demanda continua em alta. A escassez de opções exclusivas faz com que as reservas sejam necessárias com semanas ou meses de antecedência.
Perspectivas para o mercado brasileiro
Especialistas acreditam que o Brasil tem um grande potencial para expandir o turismo de isolamento, aproveitando sua diversidade de biomas e áreas remotas com acesso controlado.
Na Europa, já existem experiências semelhantes, como estadias em torres medievais, faróis desativados e até cavernas vulcânicas nas Ilhas Canárias. Embora o turismo de isolamento no Brasil ainda esteja em crescimento, a demanda mostra que ele pode se tornar uma categoria definitiva de hospedagem em breve.