Brasil é o país mais desigual e tem mais milionários da AL
O Brasil é um país cheio de contrastes, e isso ficou claro no recente relatório do UBS. Enquanto se destaca como o novo destino de milionários na América Latina, o país também é classificado como o mais desigual do mundo. A pesquisa revelou que, mesmo com uma boa quantidade de riqueza concentrada nas mãos de poucos, a maioria da população ainda enfrenta dificuldades para alcançar uma vida melhor.
Atualmente, existem cerca de 433 mil brasileiros com fortunas que ultrapassam 1 milhão de dólares — isso dá mais ou menos R$ 5,5 milhões por pessoa. Esse número coloca o Brasil na 19ª posição global em termos de milionários, superando países como Rússia e Dinamarca. No entanto, se olharmos para os números, os EUA estão bem à frente, com 23,8 milhões de milionários.
O crescimento nos Estados Unidos é bastante notável. Dentro de 2024, mais de mil pessoas por dia estão se tornando milionárias, muito por conta da forte movimentação do mercado financeiro e da estabilidade do dólar. Os americanos concentram quase 40% de todos os milionários do planeta.
Um dado que se destaca é que o Brasil é o segundo país do mundo onde se estima um grande volume de heranças para serem transferidas nas próximas décadas. Aproximadamente 9 trilhões de dólares devem passar entre gerações aqui — apenas atrás dos EUA, que terão mais de 29 trilhões. Isso se deve, em parte, ao fato de que muitos detentores de riqueza no país estão na faixa dos 75 anos ou mais.
Apesar do aumento dos “milionários do dia a dia”, que adquiriram patrimônio na valorização de bens e imóveis, o Brasil ainda aparece como o rei da desigualdade, com um índice de Gini de 0,82. Isso significa que grande parte da riqueza está concentrada nas mãos de uma minoria, enquanto o restante da população luta para ter um padrão de vida digno.
Segundo Paul Donovan, economista-chefe do UBS, a maneira como a riqueza é distribuída molda as oportunidades e políticas futuras. É uma realidade que afeta diretamente a vida de muitos brasileiros. No cenário global, embora existam muitos milionários no Brasil, mais de 80% da população mundial ainda possui menos de 100 mil dólares. Apenas 1,6% dos adultos têm mais de um milhão.
A Grande China, que inclui Hong Kong e Taiwan, possui uma fatia significativa de pessoas com patrimônios entre 100 mil e 1 milhão de dólares. E isso pode se repetir nos próximos anos, com os Estados Unidos e a Grande China liderando um aumento na riqueza média por adulto.
Assim, a realidade brasileira é marcada por um paradoxo: uma elite cada vez maior detentora de riquezas, enquanto a maioria continua a enfrentar a desigualdade estrutural. O Relatório Global de Riqueza do UBS, que analisa a situação de 56 países, reforça essa visão. Se os números estão certos, o Brasil está se tornando um dos maiores centros de heranças do planeta, mas ainda é um exemplo de como a riqueza pode ser abundante e, ao mesmo tempo, inacessível para muitos.