Bacia do Permiano adota técnica para superar produção da OPEP

A história da energia no século XXI passou por uma revolução incrível, e não foi nas palmeiras do Oriente Médio, mas sim nas vastas terras do oeste do Texas e do Novo México. A Bacia do Permiano, que já foi vista como uma área saturada, agora é considerada o campo de petróleo mais produtivo do mundo. Essa transformação fez dos Estados Unidos o maior produtor global e provocou novas concorrências à OPEP, que dominava o mercado há décadas.

Mas como isso aconteceu? Grande parte do sucesso se deve ao uso do fracking, uma técnica polêmica que permite desbloquear enormes reservas de petróleo nas rochas. No entanto, esse avanço gigante vem com uma série de preocupações sobre os impactos ambientais e sociais. Em 2025, já começamos a notar os primeiros sinais de maturidade dessa bacia.

O que é a Bacia do Permiano e sua geologia única de “camadas empilhadas”

A Bacia do Permiano não é novidade; ela produz petróleo desde a década de 1920. O que mudou, na verdade, é a forma como exploramos seus recursos. Essa bacia se estende por cerca de 230.000 km², envolvendo partes do Texas e do Novo México.

Um dos segredos que fazem dessa bacia um gigantesco fornecedor de petróleo é a sua geologia. Pense nela como um bolo recheado: várias camadas de petróleo e gás uma sobre a outra. Por exemplo, as formações Wolfcamp, Bone Spring e Spraberry são identidade da região. Com a perfuração vertical e poços horizontais, é possível acessar várias dessas camadas de uma só vez, reduzindo os custos e tornando todo o processo mais eficiente.

A chave que destravou a riqueza: como funciona a polêmica técnica do “fracking”

O petróleo que está na Bacia do Permiano estava preso em rochas de xisto, que não deixavam o líquido fluir. A solução foi a combinação de perfuração horizontal com fraturamento hidráulico, ou fracking.

O processo é dividido em algumas etapas:

Perfuração: Primeiro, um poço é criado verticalmente por muitos metros e depois continua horizontalmente pela camada de xisto.

Revestimento: Tubos de aço são colocados no poço e cimentados para garantir que ele permaneça seguro e que a água doce não seja contaminada.

Fraturamento: Uma mistura que contém 99,5% de água e areia, junto com 0,5% de aditivos químicos, é injetada sob pressão. Essa pressão cria pequenas fissuras na rocha, permitindo que o petróleo e o gás possam fluir para a superfície.

A Bacia do Permiano versus a OPEP e a briga por controle

Com a ascensão do Permiano, o mercado de petróleo passou por grandes mudanças. Quando a OPEP, liderada pela Arábia Saudita, percebeu essa ameaça, decidiu inundar o mercado com petróleo barato para pressionar os produtores americanos. A ideia era forçar os Estados Unidos à falência.

Mas isso não aconteceu. Em vez de sucumbir, as empresas americanas se adaptaram, otimizaram seus processos e se tornaram mais eficientes. Hoje, a produção do Permiano, que atingiu 6,1 milhões de barris por dia em junho de 2024, supera a de quase todos os membros da OPEP, exceto a Arábia Saudita. Se a Bacia do Permiano fosse um país, estaria entre os maiores produtores de petróleo do mundo.

Os terremotos, o uso da água e as controvérsias ambientais

No entanto, o sucesso do Permiano não é isento de problemas. O fracking consome muita água, um recurso que já é escasso na região, e gera bilhões de galões de águas residuais tóxicas. Estudos mostraram que injetar essa água de volta no subsolo está provocando terremotos em áreas que antes eram estáveis.

Além disso, a produção de petróleo libera grandes quantidades de metano, um gás que contribui para o aquecimento global, e outros poluentes que preocupam a saúde das comunidades locais.

O futuro do gigante em 2025: o declínio do crescimento e a nova era da disciplina

Após um período de crescimento explosivo, a Bacia do Permiano está se aproximando de um novo estágio: a maturidade. Os melhores locais para perfuração já foram bastante explorados e os novos poços estão começando a mostrar sinais de estagnação.

Agora, o foco da indústria mudou. A estratégia de "crescimento a qualquer custo" deu lugar a uma postura mais cuidadosa e foco na lucratividade. As projeções indicam que, em 2025, a produção ainda deve aumentar, mas a um ritmo mais lento, com uma média de 6,6 milhões de barris por dia. O futuro do Permiano parece ser de um gigante que, embora cresça mais devagar, continuará a desempenhar um papel crucial no cenário energético global, equilibrando sua capacidade produtiva e as pressões ambientais que estão sempre em evidência.