A série “The Sandman”, que explora um universo de deuses e lendas que vivem eternamente enquanto suas histórias forem contadas, chega ao fim de maneira impressionante e envolvente. O desfecho da série apresenta um dos melhores momentos de sua trajetória, encerrando uma saga que abrange séculos. Os mundos de fantasia vibrantes e as criaturas excêntricas que cativaram os espectadores permanecem em cena, mas há também momentos de reflexão, onde humanos, demônios e deuses se perguntam: um deus pode realmente morrer?
O protagonista, Sonho, interpretado por Tom Sturridge, fez uma escolha difícil ao final da primeira parte da segunda temporada, decidindo acabar com a vida de seu filho, Orfeu, o que o coloca na mira das Fúrias, entidades míticas que buscam vingança. Neste novo arco, a trama é impulsionada pela crescente tensão em torno da possibilidade real de sua morte, uma vez que as Fúrias estão determinadas a fazer com que ele pague por suas ações.
Os cinco episódios desta segunda parte seguem um ritmo mais concentrado, evitando os prolongados flashbacks que eram comuns. A narrativa é sombria e intrigante, semelhante a assistir a um acidente se desenrolar lentamente. Assim que Sonho percebe que as Fúrias estão a caminho de sua morte, ele começa a traçar planos para proteger seu reino etéreo, chamado “Sonho”, enquanto se prepara para o que pode ser seu fim. Curiosamente, as tentativas dele de evitar a tragédia frequentemente o levam ainda mais perto dela.
Os personagens coadjuvantes também têm destaque nesta metade da temporada. Freddie Fox brilha como o caótico deus nórdico Loki e Jack Gleeson como o travesso Puck, que se juntam para sequestrar Daniel, um bebê nascido no mundo dos sonhos e considerado o sucessor de Sonho. Mais à frente, Johanna Constantine, interpretada por Jenna Coleman, e o Coríntio, vivido por Boyd Holbrook, unem forças para encontrar Daniel e frustrar os planos de Loki e Puck, desenvolvendo uma química inesperada que proporciona momentos mais leves em meio à tensão e destruição.
Ann Skelly também se destaca como Nuala, uma fada corajosa que se empenha para unir diversas criaturas mágicas em defesa de Sonho. O rico universo que “The Sandman” construiu em suas duas temporadas, baseado na série de quadrinhos de Neil Gaiman, se desenvolve e conecta as tramas e personagens de forma significativa.
Os episódios incluem várias aparições de personagens que dizem adeus, seja visitando Sonho em busca de resolver pendências ou sendo surpreendidos pelas Fúrias, que não hesitam em matá-los. Apesar da frequência das mortes de personagens muito amados, cada uma delas é impactante.
Embora a série ofereça momentos de ação e drama, a atmosfera frequentemente se mantém introspectiva. A narrativa é pontuada por diálogos mais calmos entre Sonho e seus familiares, como Tempo e Noite, que exploram os sentimentos de culpa e a complexidade das relações familiares. Conversas com outros personagens, como sua irmã Desespero e seu velho amigo Hob Gadling, aprofundam a compreensão de Sonho sobre suas responsabilidades e a importância das conexões pessoais.
O penúltimo episódio se destaca por reunir muitos personagens, preparando o caminho para o episódio final, que será um epílogo protagonizado pela irmã de Sonho, a Morte. A série começou com Sonho aprisionado por humanos e, ao longo de sua jornada, ele buscou um significado mais profundo em seu papel como modelador de sonhos. A conclusão sugere que, para seres como Sonho, a verdadeira utilidade pode estar em valorizar as forças humanas que frequentemente são subestimadas, oferecendo um final reflexivo e tocante para uma série grandiosa.