Ariaú Towers, antigo refúgio de bilionários, hoje em ruínas
No coração da Amazônia, entre as margens do Rio Negro, estão as ruínas do que já foi um dos hotéis mais glamourosos do mundo: o Ariaú Towers. Construído sobre palafitas, esse hotel de luxo recebeu, em sua época de ouro, celebridades e bilionários em busca de uma experiência única na selva. Mas, hoje, em 2025, o cenário é muito diferente. O que resta é um lugar em ruínas, com estruturas sendo lentamente absorvidas pela floresta. A história do Ariaú Towers serve como um lembrete poderoso de como a ambição, crises e a natureza podem transformar um sonho em um monumento à decadência.
A Inspiração de Jacques Cousteau em 1982
A ideia do hotel nasceu de um encontro que marca a história. Em 1982, o famoso explorador francês Jacques Cousteau visitou a Amazônia e ficou hospedado em um hotel do empresário Dr. Francisco Ritta Bernardino. Cousteau tinha uma visão: a floresta se tornaria um símbolo da luta global pela preservação. Ele acreditava que o mundo inteiro olharia para a Amazônia.
Essa visão inspirou Bernardino, que entre 1984 e 1987, utilizando técnicas tradicionais de construção, iniciou a construção do Ariaú Towers. O primeiro dos vários prédios do hotel foi inaugurado em 1986 e, no ano seguinte, a estrutura completa surgiu como um projeto inédito.
O Refúgio de Bilionários e Estrelas de Hollywood
Durante seu auge, o Ariaú Towers não era apenas um local para se hospedar, mas uma verdadeira atração. O complexo era formado por seis a oito torres interligadas por passarelas de madeira que se estendiam por 8 quilômetros na copa das árvores. A suíte mais icônica, a "Casa do Tarzan", ficava a 22 metros de altura, em um majestoso mogno.
Famosos como o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, Bill Gates e até estrelas como Jennifer Lopez e o elenco de Anaconda se hospedaram lá. O hotel também foi palco do famoso reality show Survivor: The Amazon em 2003, que reforçou ainda mais sua fama.
Contudo, a trajetória do hotel tomou um rumo inesperado. Com uma dívida de R$ 1,5 milhão com a Petrobras Distribuidora, que remontava a 2006, e o impacto da crise do turismo após os ataques de 11 de setembro de 2001, o hotel enfrentou dificuldades financeiras graves. Até 90% dos hóspedes eram americanos e, com a queda no turismo, tornar a dívida viável tornou-se impossível.
O Colapso Final do Ariaú Towers (2016-2022)
Em 2016, o Ariaú Towers fechou suas portas. A venda do hotel seria a última esperança, mas o primeiro leilão, avaliado em R$ 26 milhões, não atraiu nenhum comprador. Em uma nova tentativa, o preço caiu para R$ 13 milhões, mas também não houve interessados. O mercado falava alto: era melhor construir algo novo do que tentar salvar o que já estava em ruínas.
A situação culminou em junho de 2022, quando a Justiça do Amazonas decretou a falência da empresa, selando o destino do hotel.
As Ruínas do Ariaú em 2025 e Sua Nova Fama
Hoje, o que sobra do Ariaú Towers é uma estrutura em decomposição. Passarelas caídas, torres apodrecidas e a densa vegetação amazônica cobrem o que restou do que um dia foi um símbolo de luxo. Apesar do abandono, essa nova fase trouxe um público inesperado. As ruínas se tornaram um destino para fotógrafos e aventureiros que buscam explorar lugares esquecidos. Barcos em Manaus oferecem passeios para que turistas vejam o gigante de madeira sendo consumido pela selva, um verdadeiro testemunho da força da natureza sobre a ambição humana.