App do SUS usa inteligência artificial para ampliar cuidado com saúde mental e facilitar diagnóstico
Plataforma digital conecta diagnóstico, terapia e apoio com IA para facilitar o cuidado em saúde mental pelo SUS, alcançando quem mais precisa.

No Brasil, mais de 10% dos adultos enfrentam sintomas de depressão, mas só uma parte pequena recebe atendimento adequado.
Muitas vezes, o tratamento se limita a remédios, sem acompanhamento psicológico regular, o que gera longas filas para consultas com psiquiatras e um sofrimento crescente para quem precisa.
Para mudar essa realidade, o Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), com apoio do Hospital das Clínicas da USP, está criando o “e-Saúde Mental no SUS”.
Esse aplicativo pretende levar diagnóstico, acompanhamento e tratamento inicial para transtornos como ansiedade, insônia e depressão direto do celular, facilitando o acesso de quem vive longe dos centros urbanos ou tem dificuldade de se deslocar.
A opinião de um profissional de saúde
O psiquiatra Paulo Rossi Menezes, do CISM, destaca que a tecnologia não substitui os profissionais, mas amplia o alcance dos cuidados humanos, podendo atender desde áreas remotas até grandes cidades.
Ao baixar o app, o usuário responderá a questionários validados que ajudam a identificar sintomas, com os resultados indo direto para o prontuário eletrônico do SUS.
Além disso, o app oferecerá exercícios simples de regulação emocional baseados na terapia cognitivo-comportamental (TCC) para ajudar no dia a dia.
O modelo já passou por testes clínicos com outro aplicativo, o Conemo, que mostrou reduzir em 50% os sintomas da depressão leve após três meses de uso, ao estimular retomada de atividades rotineiras, como ouvir música, caminhar ou conversar com alguém próximo.
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A inteligência artificial como apoio
O “e-Saúde Mental” usará inteligência artificial para apoiar profissionais da saúde. A IA poderá sugerir diagnósticos, indicar tratamentos e identificar situações que exijam atenção imediata. Apesar disso, o app não é um substituto de terapia nem um chatbot.
Casos recentes mostraram que usar inteligência artificial fora do sistema de saúde traz riscos, como falta de acompanhamento adequado. Por isso, a plataforma será vinculada ao SUS, garantindo conexão direta com profissionais habilitados.
Gestão pública e dados para melhorar o atendimento
Além do cuidado individual, a plataforma reunirá dados anonimizados para permitir que gestores do SUS vejam padrões regionais e avaliem a eficácia das intervenções.
Essa informação ajudará a identificar desigualdades e aprimorar políticas públicas de saúde mental.
Com adoção nacional, a expectativa é que o app ajude a reduzir em até 70% os custos relacionados a internações e tratamentos de alta complexidade, possibilitando diagnósticos e atendimentos precoces.
Próximos passos
O desenvolvimento do aplicativo deve levar cerca de um ano e meio. Após isso, o Ministério da Saúde analisará os testes para decidir o que vem depois, incluindo adaptações para comunidades indígenas e outras populações com necessidades específicas.
Paulo Rossi lembra que o Brasil tem escassez de profissionais e distribuição desigual, dificultando o atendimento completo. Um projeto como esse traz inovação para caminhar em direção a uma saúde mental mais acessível para todos.