Antecipação do 13º salário: veja quem pode pedir, como contratar e quais riscos evitar
Bancos oferecem a opção de receber o 13º adiantado, mas é preciso entender bem as regras antes de decidir.
Começo de ano costuma ser período de compromissos extras, como impostos e materiais escolares. Por isso, cada vez mais brasileiros buscam alternativas para organizar as contas e tentar fugir dos juros altos. Uma dessas soluções é a antecipação do 13º salário, uma linha de crédito que alguns bancos oferecem usando o benefício como garantia de pagamento.
Na prática, funciona assim: o banco deposita uma parte do valor do seu 13º na conta antes do fim do ano. Quando o benefício sair, o banco desconta automaticamente o valor emprestado junto aos juros e taxas. O procedimento costuma ser rápido e feito pelo aplicativo ou internet banking, com poucos documentos.
Essa opção acaba sendo usada especialmente para trocar dívidas caras por uma taxa menor, quitar despesas urgentes ou aproveitar descontos à vista. Mas é essencial analisar os custos totais para não cair em armadilhas do crédito fácil.
Quem pode pedir a antecipação do 13º salário
A maioria dos bancos libera a antecipação para trabalhadores com carteira assinada e contrato ativo, empregados domésticos que têm registro, servidores públicos de acordo com as regras de cada instituição e aposentados ou pensionistas do INSS em linhas específicas.
Outra exigência comum é que o salário seja depositado ali no banco onde você quer contratar o serviço. Algumas instituições pedem idade mínima, tempo de conta e comprovante de vínculo, como holerite. Em casos de contrato temporário ou período de experiência, o valor liberado pode ser menor ou até negado pelo banco.
Como funciona esse tipo de crédito
Após solicitar a antecipação, o banco faz uma simulação do valor do 13º e determina quanto pode adiantar do benefício. Normalmente, essa quantia vai de metade até o valor total previsto, descontando outros empréstimos ou adiantamentos já feitos pela empresa. O contrato traz todas as condições, como taxas de juros mensais e anuais, IOF e eventuais tarifas.
O dinheiro costuma ser liberado no mesmo dia útil. Quando chegar a data de pagamento do 13º, o banco desconta o valor principal somado às taxas direto da conta. Se o benefício for menor do que o previsto, a diferença pode ser cobrada depois, com os juros acordados no contrato.
Pontos importantes e riscos da antecipação
O principal cuidado deve ser com a possibilidade de demissão ou atraso no depósito do 13º pela empresa, já que a dívida continua existindo e será cobrada. Assim, o banco pode debitar o saldo da conta corrente, o que pode gerar uso do cheque especial ou até negativação do nome.
Vale ficar atento também ao valor líquido do 13º: descontos de INSS, imposto de renda ou adiantamentos podem reduzir o total disponível. Caso não seja suficiente para quitar, o banco cobra o restante com os juros do contrato.
Outro ponto é o impacto no orçamento em dezembro. O salário extra pode já estar comprometido com dívidas e não sobrar para despesas fixas do período — IPTU, IPVA e outros. O pagamento concentrado das taxas pode pesar nas finanças, então é preciso se organizar.
Desconfie ainda de ofertas por redes sociais ou mensagens que pedem senhas e dados; contrate sempre por canais oficiais do banco.
Vantagens e cuidados na contratação
Antecipar o 13º pode ajudar a trocar uma dívida cara, como cartão ou cheque especial, por juros mais baixos. Quem tem planejamento e sabe quanto precisa pode aproveitar descontos à vista e aliviar as despesas de fim de ano. Como o próprio 13º garante o pagamento, a taxa costuma ser menor que de empréstimos comuns.
Antes de contratar, compare as taxas e o custo total em diferentes bancos. Às vezes vale a pena transferir o salário para conseguir uma oferta melhor. Simule cenários para saber se consegue pagar caso o valor seja menor. Leia com atenção as cláusulas sobre juros, IOF, data de débito, multa por atraso e o que acontece em caso de demissão.
Evite somar esse tipo de crédito com outros empréstimos, como consignados ou parcelamentos de cartão, pois isso pode complicar a vida financeira. Antecipe só o necessário para resolver a situação e não comprometa o orçamento em janeiro ou fevereiro.
Quando não vale a pena pedir a antecipação
Se a ideia é gastar com consumo imediato sem urgência, ou se o orçamento já está apertado para os meses seguintes, talvez a alternativa não seja a melhor. Nesses casos, o recomendado geralmente é negociar dívidas, cortar gastos e buscar formas de pagamento parceladas ou em condições mais favoráveis.