Anatel aperta o cerco e operadoras que facilitarem golpes poderão ser bloqueadas

Novas regras da Anatel permitem o bloqueio de operadoras que não combaterem o spoofing e chamadas falsas. Saiba como isso protege você.

Sabe aquela ligação que parece ser do seu banco, com o número oficial aparecendo na tela, mas na verdade é um criminoso tentando roubar seus dados? Esse truque, conhecido tecnicamente como spoofing, está com os dias contados graças a uma nova ofensiva da agência reguladora de telecomunicações.

A Anatel decidiu adotar uma postura muito mais rígida contra as operadoras de telefonia que, de alguma forma, facilitam ou ignoram a passagem dessas chamadas fraudulentas por suas redes. A partir de agora, as empresas que não seguirem as normas de segurança podem sofrer um “apagão” em seus serviços.

Na prática, isso significa que uma operadora que serve de infraestrutura para golpistas pode ser bloqueada e isolada. Se ela não filtrar as chamadas falsas, as outras operadoras do país ficarão proibidas de completar as ligações vindas dela, o que inviabiliza o negócio da empresa infratora.

Essa é uma resposta direta ao aumento de golpes que usam centrais telefônicas falsas para enganar consumidores. A ideia é atacar a raiz do problema: se o criminoso não tiver uma operadora para “disparar” as ligações, o golpe simplesmente não chega até o seu celular.

O combate ao spoofing e às chamadas mascaradas

O grande alvo da nova regulamentação é o uso de números mascarados. Os golpistas usam softwares que imitam celulares reais, sem precisar de um chip físico, para fazer com que a chamada pareça legítima. Isso confunde até as pessoas mais atentas, já que o identificador de chamadas mostra um nome ou número confiável.

Para acabar com essa brecha, a Anatel determinou que os números de celular devem estar obrigatoriamente vinculados a uma estação móvel rastreável. Ou seja, não será mais permitido usar sistemas de internet (VoIP) de forma anônima para simular uma linha móvel comum.

Além disso, as operadoras estão proibidas de revender ou alugar recursos de numeração para terceiros que não tenham autorização. Muitas vezes, empresas menores sublocavam esses números para centrais de atendimento que acabavam sendo usadas para práticas abusivas ou criminosas.

Com as novas regras, se uma operadora for flagrada permitindo que mais de 10% do seu tráfego seja composto por chamadas fraudulentas, ela sofrerá sanções imediatas. É um jogo de responsabilidade: a empresa que ganha dinheiro com a linha precisa garantir que ela não seja usada para o crime.

Autenticação obrigatória e o fim do anonimato

Outra mudança importante que já começa a valer é a obrigatoriedade de autenticação de chamadas para os chamados “grandes chamadores”. Empresas que realizam mais de 500 mil ligações por mês agora precisam provar quem são antes da chamada ser completada.

Esse sistema funciona como um “selo de verificação” digital. Quando você receber uma ligação de uma empresa legítima, o sistema da operadora já terá verificado a origem, garantindo que aquele número realmente pertence a quem diz ser. Isso traz muito mais transparência para quem atende o telefone.

As operadoras que falharem em monitorar seus clientes e permitirem disparos massivos sem identificação estarão sujeitas a multas pesadas, que podem chegar a cifras milionárias. Em casos recorrentes, a agência pode até cassar a autorização da empresa para operar no Brasil.

Para o consumidor, o benefício é uma rede mais limpa e segura. O objetivo é que, no futuro próximo, você possa confiar novamente no identificador de chamadas do seu aparelho, sem o medo constante de cair em uma cilada financeira.

Como o bloqueio das operadoras protege o consumidor

O bloqueio cautelar das interconexões é a arma mais forte da Anatel nesse momento. Quando uma operadora é isolada, ela perde a capacidade de conectar seus usuários com clientes da Vivo, Claro ou Tim, por exemplo. Esse isolamento digital é um prejuízo financeiro enorme e força a empresa a se adequar rapidamente.

Essa medida também atinge as centrais de atendimento terceirizadas. Agora, elas precisam contratar os recursos de telefonia diretamente com as operadoras, sem intermediários que facilitem o anonimato. A rastreabilidade passou a ser a palavra de ordem no setor.

É importante lembrar que, se você for vítima de um golpe ou receber chamadas abusivas, você deve denunciar. As operadoras são obrigadas a manter canais para receber esses alertas e identificar a origem das ligações. Essas denúncias alimentam o sistema da Anatel e ajudam a identificar quais empresas estão sendo coniventes com os fraudadores.

A expectativa é que, ao longo de 2026, o volume de chamadas de spam e golpes sofra uma redução drástica. O cerco está fechando e o recado foi dado: ou as operadoras investem em segurança e fiscalização, ou serão retiradas do mercado para proteger o cidadão brasileiro.