Aftas na boca: como aliviar a dor e acelerar a cicatrização em 1 dia

As aftas, tecnicamente conhecidas como estomatite aftosa recorrente, são pequenas úlceras que surgem na mucosa da boca, como na parte interna dos lábios, bochechas, língua ou gengiva. Embora extremamente comuns e, na maioria das vezes, inofensivas, essas lesões são notórias pela dor aguda que provocam, transformando atos simples como falar e comer em desafios desconfortáveis.

Essas pequenas feridas representam uma das condições bucais mais frequentes, afetando uma parcela significativa da população em algum momento da vida. O incômodo gerado pode ser desproporcional ao seu tamanho, interferindo diretamente na qualidade de vida do indivíduo durante o período em que a lesão permanece ativa na cavidade oral.

A origem das aftas é multifatorial e ainda objeto de estudo, não estando associada a nenhum vírus ou bactéria específica, o que significa que elas não são contagiosas. Fatores como pequenos traumas locais, estresse, deficiências nutricionais e respostas do sistema imunológico parecem desempenhar um papel importante no seu aparecimento, tornando o quadro complexo.

Diante do desconforto, a busca por alívio rápido é uma prioridade. Embora a cicatrização completa demande tempo, existem diversas estratégias e tratamentos que podem diminuir a dor de forma considerável, proteger a lesão e criar um ambiente propício para que o processo de recuperação do tecido ocorra de maneira mais eficiente e veloz.

O que são aftas e por que elas surgem na boca

As aftas são úlceras superficiais, benignas e não contagiosas que se desenvolvem nos tecidos moles da boca.

É fundamental distingui-las das lesões de herpes labial, que são causadas pelo vírus herpes simplex (HSV-1), surgem na parte externa dos lábios e são altamente infecciosas. As aftas, por outro lado, são uma resposta inflamatória localizada do próprio organismo e não podem ser transmitidas a outras pessoas.

As causas exatas para o surgimento das aftas não são completamente elucidadas, mas uma série de fatores desencadeantes já foi identificada.

Traumas mecânicos mínimos são uma causa comum, como uma mordida acidental na bochecha, uma escovação dental muito agressiva ou a irritação contínua provocada por aparelhos ortodônticos e próteses mal ajustadas. Consequentemente, a mucosa ferida pode evoluir para uma afta.

Além dos fatores físicos, o estado geral do organismo tem grande influência.

Deficiências nutricionais, especialmente de ferro, ácido fólico, zinco e vitaminas do complexo B (principalmente a B12), estão fortemente associadas a uma maior frequência de aftas. Adicionalmente, flutuações hormonais, estresse emocional e até mesmo certas doenças sistêmicas, como a Doença de Crohn e a Doença Celíaca, podem se manifestar com o aparecimento dessas lesões bucais.

Leia também: Café diário pode aumentar risco de problemas de visão

Principais sintomas e quando se preocupar com uma afta

O principal sintoma da afta é a dor, que se manifesta de forma aguda e localizada. Visualmente, a lesão clássica se apresenta como uma úlcera de formato redondo ou oval, com um centro esbranquiçado ou amarelado e uma borda avermelhada e bem definida. Frequentemente, antes do aparecimento da úlcera, a pessoa pode sentir uma leve sensação de queimação ou formigamento no local por um ou dois dias.

O desconforto tende a se intensificar durante a alimentação, especialmente ao consumir alimentos ácidos, salgados ou picantes, que irritam a terminação nervosa exposta na lesão. Dependendo de sua localização e tamanho, a afta pode também dificultar a fala e a higiene bucal, tornando o período de crise bastante incômodo para o paciente.

Apesar de a maioria das aftas (aftas menores) cicatrizar espontaneamente em uma a duas semanas, alguns sinais devem servir de alerta.

Deve-se procurar avaliação profissional se as aftas forem excepcionalmente grandes (aftas maiores), se novas lesões surgirem antes de as antigas cicatrizarem, se o surto durar mais de três semanas, ou se a dor for tão intensa que impeça a alimentação ou hidratação. A presença de febre ou mal-estar geral junto com as aftas também justifica uma consulta.

É possível curar uma afta em 1 dia?

A promessa de uma cura para aftas em apenas 24 horas precisa ser analisada com realismo. Do ponto de vista clínico, a cicatrização completa de uma úlcera, que envolve a regeneração do tecido epitelial, é um processo biológico que naturalmente leva vários dias. Portanto, não é realista esperar que uma afta desapareça por completo em um único dia.

Contudo, o que é perfeitamente viável em 24 horas é obter um alívio significativo da dor e da inflamação, que são os sintomas mais debilitantes. A aplicação de tratamentos focados em proteger a lesão, reduzir o inchaço e manter a área limpa pode transformar a experiência do paciente, tornando o processo de cura muito mais suportável e, de fato, acelerando-o.

Dessa forma, o objetivo dos tratamentos de ação rápida não é a cura milagrosa, mas sim o manejo eficaz dos sintomas. Ao criar uma barreira protetora sobre a afta e diminuir a inflamação local, permite-se que o organismo execute seu processo de reparo tecidual sem interferências constantes, o que, consequentemente, encurta o tempo total de cicatrização da ferida.

Leia também: Palavra que confunde até falantes fluentes de português

Remédios caseiros que ajudam a aliviar a dor rapidamente

Para um alívio imediato da dor causada pelas aftas, alguns remédios caseiros se mostram bastante eficientes por suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. A aplicação de gelo, por exemplo, é uma das táticas mais simples. Envolver uma pequena pedra de gelo em uma gaze e aplicá-la sobre a afta por alguns minutos pode anestesiar temporariamente o local, reduzindo a dor e o inchaço.

Outro recurso natural é o cravo-da-índia, que contém eugenol, um composto com potente ação analgésica e antisséptica. Mascar um único cravo-da-índia próximo à lesão ou aplicar uma gota de seu óleo (com extremo cuidado para não causar queimaduras) pode proporcionar alívio da dor em poucos minutos. A sensação de dormência ajuda a controlar o desconforto, principalmente antes das refeições.

Adicionalmente, a aplicação de um saquinho de chá úmido e frio, como o de camomila ou o chá preto, pode ser benéfica. A camomila possui compostos como o azuleno, de conhecida ação anti-inflamatória, que acalma o tecido irritado. O chá preto, por sua vez, é rico em taninos, substâncias adstringentes que podem ajudar a “secar” a lesão e a reduzir a inflamação local, contribuindo para o alívio sintomático.

Enxaguantes e soluções naturais que aceleram a cicatrização

A manutenção de um ambiente bucal limpo é fundamental para evitar infecções secundárias e acelerar a cicatrização das aftas. O bochecho com água morna e sal é a solução mais tradicional e eficaz. A solução salina ajuda a limpar a ferida e, por osmose, reduz o edema (inchaço) ao extrair o excesso de fluido do tecido inflamado, aliviando a pressão e a dor.

O extrato de própolis também é um aliado valioso, reconhecido por suas propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e cicatrizantes. Estudos científicos demonstram que a aplicação de algumas gotas de extrato de própolis diretamente sobre a afta, algumas vezes ao dia, pode não apenas acelerar a cicatrização, como também reduzir a frequência de novos episódios em pessoas com aftas recorrentes.

De forma semelhante, uma solução de bicarbonato de sódio diluído em água pode ser usada para bochechos. O bicarbonato ajuda a neutralizar a acidez da boca, elevando o pH salivar e criando um ambiente menos favorável à irritação. É importante ressaltar que o bicarbonato nunca deve ser aplicado diretamente sobre a lesão, pois isso causa dor intensa e pode piorar a inflamação.

Alimentos que devem ser evitados durante uma crise de afta

Durante um episódio de aftas, a alimentação desempenha um papel determinante na gestão da dor e na velocidade da recuperação. A regra principal é evitar qualquer alimento que possa irritar a lesão, seja por sua composição química ou por sua textura física. A mucosa ulcerada está extremamente sensível e o contato com certos alimentos pode agravar a dor e retardar a cicatrização.

Alimentos ácidos estão no topo da lista de itens a serem evitados. Frutas cítricas como laranja, limão e abacaxi, assim como tomates e alimentos à base de vinagre, podem causar uma sensação de queimação imediata ao entrarem em contato com a afta. Da mesma forma, comidas muito picantes ou condimentadas devem ser suspensas temporariamente do cardápio.

Além da irritação química, a irritação física também deve ser evitada. Alimentos duros, crocantes ou com pontas, como torradas, batatas fritas e nozes, podem raspar a lesão, causando mais dor e dano ao tecido. Bebidas muito quentes, refrigerantes e bebidas alcoólicas também são conhecidos por aumentar o desconforto e devem ser consumidos com moderação ou evitados.

Pomadas e medicamentos indicados para aftas na boca

Quando os remédios caseiros não são suficientes, o mercado farmacêutico oferece diversas opções de tratamento tópico. As mais comuns são pomadas e géis que formam uma película protetora sobre a afta. Essa barreira bioadesiva isola a lesão do contato com a saliva, alimentos e a língua, aliviando a dor instantaneamente e permitindo que o processo de cicatrização ocorra sem interrupções.

Muitos desses produtos contêm em sua fórmula substâncias com ação específica. Anestésicos locais, como a benzocaína, promovem alívio rápido da dor. Outros, como os que contêm ácido hialurônico, ajudam a hidratar o tecido e a acelerar a regeneração celular. A escolha do produto pode variar conforme a intensidade da dor e a preferência do indivíduo.

Para casos mais severos ou de aftas muito recorrentes, um médico ou dentista pode prescrever tratamentos mais potentes. Isso pode incluir pomadas com corticosteroides, que reduzem a inflamação de forma mais agressiva, ou enxaguantes bucais com anti-inflamatórios ou antissépticos específicos. O uso desses medicamentos deve ser feito estritamente sob orientação profissional.

Dicas para prevenir o surgimento de novas aftas

A prevenção de novas aftas passa por identificar e minimizar os fatores desencadeantes individuais.

Uma das principais frentes de atuação é a higiene bucal. Recomenda-se o uso de uma escova de dentes com cerdas macias e a realização de uma escovação suave para não traumatizar a gengiva e a mucosa. Além disso, para pessoas sensíveis, a troca por um creme dental sem lauril sulfato de sódio (LSS ou SLS), um agente espumante que pode ser irritante, pode diminuir a frequência das lesões.

A nutrição também é um pilar da prevenção. Manter uma dieta equilibrada, rica em vitaminas e minerais, é fundamental. Se houver suspeita de deficiências, uma consulta médica pode confirmar e orientar a suplementação de ferro, ácido fólico ou vitamina B12. Identificar e evitar alimentos que parecem desencadear as aftas em cada indivíduo também é uma estratégia eficaz.

Por fim, o manejo do estresse e a qualidade do sono são essenciais. O estresse crônico afeta o sistema imunológico, deixando o corpo mais suscetível a processos inflamatórios como as aftas. Praticar atividades relaxantes, garantir um sono reparador e cuidar da saúde mental são medidas que, embora indiretas, fortalecem as defesas do organismo e ajudam a reduzir a incidência das crises.

Leia também: Montanha das 7 cores se torna atrativo para turistas e fotógrafos

Quando procurar um médico ou dentista para aftas recorrentes

A avaliação de um profissional de saúde, seja um médico ou um dentista, é indicada sempre que o padrão das aftas fugir do comum. Se os episódios se tornam muito frequentes, com uma crise atrás da outra, ou se as lesões demoram mais de duas a três semanas para cicatrizar, é um sinal de que uma investigação mais aprofundada é necessária para entender a causa subjacente.

Durante a consulta, o profissional irá realizar um exame clínico detalhado da boca e colher o histórico do paciente. Ele buscará diferenciar as aftas de outras lesões bucais e poderá investigar possíveis causas sistêmicas. Em alguns casos, podem ser solicitados exames de sangue para verificar a existência de deficiências nutricionais ou marcadores de doenças autoimunes.

O tratamento para aftas recorrentes será direcionado pela causa identificada. Pode envolver desde a simples prescrição de suplementos vitamínicos e a indicação de medicamentos tópicos mais eficazes, até o encaminhamento para outros especialistas, como um gastroenterologista ou reumatologista, caso haja suspeita de uma doença sistêmica associada.

Portanto, a consulta profissional é o caminho para quebrar o ciclo de recorrência e melhorar a qualidade de vida.