R$ 40 mil e R$ 100 mil em dívidas: o retrato de quem está superendividado no Brasil
O alto endividamento é uma realidade para milhões de famílias, impactando a saúde financeira e emocional. Entenda o perfil de quem não consegue pagar as contas e o que pode ser feito.
O superendividamento virou um fantasma que assombra milhões de famílias brasileiras. É um termo técnico para uma situação muito real e dolorosa: quando as contas básicas, como água, luz e aluguel, consomem todo o dinheiro que entra. A pessoa fica sem ter como se sustentar, vivendo no limite do aceitável.
Essa não é uma realidade de poucos. Pelo contrário, mais de 70% dos brasileiros dizem que as dívidas atuais já estão pesando e que será difícil colocá-las em dia. O problema é grave e afeta diretamente a qualidade de vida de todos.
No meio desse cenário, existe um grupo que carrega um peso ainda maior. São as pessoas que acumulam um passivo alto, que muitas vezes ultrapassa os R$ 40 mil, e em casos extremos, chega a R$ 100 mil. A dívida média desse grupo de superendividados costuma ficar na casa dos R$ 46 mil.
Esse valor impressionante mostra o quanto a situação pode sair do controle de forma rápida e silenciosa. Muitas vezes, o endividamento começa com uma parcela pequena, mas cresce exponencialmente com os juros.
A organização financeira se torna, então, o primeiro passo para estancar o sangramento e começar a reverter o jogo. Sem um controle firme sobre o que entra e o que sai, fica impossível sair do vermelho.
O perfil do brasileiro superendividado
Quem pensa que o superendividamento afeta apenas uma parcela específica da população pode se surpreender. Os dados mostram que o problema é bem distribuído, mas alguns grupos sofrem mais.
Os adultos entre 35 e 59 anos são os mais atingidos, formando a maioria dos casos. Essa é a fase da vida em que, geralmente, as pessoas têm mais responsabilidades financeiras, como sustentar os filhos e pagar a casa.
As mulheres também aparecem como um grupo vulnerável. Elas representam mais da metade das pessoas nessa situação, muitas vezes sendo as principais responsáveis pela gestão e manutenção do lar.
A diferença entre o que se deve e o que se consegue pagar é um abismo. O dinheiro comprometido com as dívidas, em média, chega a mais de 80% da renda. Isso significa que, a cada R$ 100 que entram, R$ 80 já têm um destino certo: pagar juros e parcelas.
Em muitos casos, as pessoas precisam usar o cheque especial ou o rotativo do cartão de crédito para cobrir despesas básicas. É o famoso “troca-troca de dívidas”, que só aumenta o problema a longo prazo.
Por que as dívidas atingem valores tão altos?
Observações cotidianas mostram que as dívidas altas não surgem de uma hora para outra. Elas são resultado de uma série de fatores que se somam ao longo do tempo.
Um dos vilões mais conhecidos são os empréstimos e financiamentos. A facilidade de conseguir crédito atrai, mas as taxas de juros, principalmente as de crédito pessoal, podem ser esmagadoras.
O cartão de crédito também tem um papel central. Quando o consumidor paga apenas o valor mínimo da fatura, o restante entra no chamado rotativo, com juros que estão entre os mais altos do mercado.
Outro ponto que pesa bastante são as dívidas com serviços básicos. Contas de energia, água e telefone, quando atrasadas e acumuladas, se transformam em um montante considerável.
A perda de emprego ou a redução da renda são catalisadores poderosos do superendividamento. A conta que cabia no orçamento em um mês, no outro já se torna impagável.
O caminho para sair do vermelho
A situação pode parecer desesperadora, mas é possível buscar uma solução. O primeiro passo é o mais difícil, mas também o mais importante: encarar a realidade.
Você precisa saber exatamente quanto deve e para quem deve. Faça uma lista completa, incluindo o valor original, os juros e o saldo atual.
Com os números em mãos, a negociação é o próximo passo. A maioria das instituições financeiras prefere receber uma parte do valor do que não receber nada.
Muitas vezes, é possível conseguir descontos significativos nos juros e multas para quitar a dívida à vista. Se não for possível, tente um parcelamento que caiba de verdade no seu bolso.
É fundamental cortar gastos desnecessários e criar uma reserva de emergência. Informações inacreditáveis como estas, que mostram a dimensão do problema, reforçam a necessidade de um planejamento rigoroso.
Lembre-se: sair das dívidas é uma maratona, não um sprint. Requer paciência, disciplina e, principalmente, a mudança de hábitos financeiros que levaram à situação atual. O importante é dar o primeiro passo e não desistir do processo.