Como os gatos se comunicam: sinais que todo tutor precisa aprender
Felinos usam cheiros, sons e posturas para se expressar; entender esses sinais evita conflitos e fortalece o vínculo com o tutor.
Quem convive com gatos sabe: eles são fascinantes, mas também podem ser um verdadeiro mistério. Mesmo após milhares de anos de convivência com os humanos, muitas atitudes felinas ainda parecem confusas.
Segundo a veterinária Giovana Mazzotti, especializada no comportamento desses animais, isso acontece porque os gatos têm uma forma própria de se comunicar, muito diferente da nossa. Enquanto nós usamos principalmente palavras e expressões visuais, eles preferem cheiros, sons e posturas corporais.
Compreender esses sinais é fundamental para melhorar a convivência. Muitas vezes, aquilo que parece “desobediência” é apenas uma forma do gato dizer que algo não está bem.
Urina fora da caixa pode ser um aviso
Um erro comum é acreditar que o gato está “se vingando” quando faz xixi fora da caixa de areia. Na verdade, esse comportamento pode indicar demarcação de território ou até problemas emocionais e de saúde.
Em situações de ansiedade ou medo, urinar no lugar errado é um recurso de comunicação. Em vez de punição, o tutor deve observar o que está incomodando o animal e buscar ajuda veterinária, se necessário.
Esfregar e arranhar: linguagem de cheiro
Outro comportamento típico é esfregar o corpo em móveis, objetos ou até nas pernas do tutor. Para nós, pode parecer apenas um carinho, mas, na visão do gato, é uma forma de deixar o próprio cheiro e reforçar que “aqui é meu espaço”.
Arranhar superfícies ou objetos também tem a mesma função. Não se trata de destruir ou incomodar, mas de marcar presença e se sentir seguro no ambiente.
Por isso, é importante oferecer arranhadores e locais adequados para que o gato possa expressar esse comportamento natural.
O olfato é essencial para a segurança
Gatos precisam reconhecer o próprio cheiro no ambiente para se sentirem tranquilos. Produtos de limpeza muito perfumados podem apagar essas marcas importantes.
A recomendação é simples: limpar áreas de marcação apenas com um pano úmido, evitando detergentes e produtos fortes. Assim, o espaço fica higienizado sem apagar a identidade olfativa do animal.
O miado é para os humanos
Pouca gente sabe, mas os gatos não miam para se comunicar entre si. O miado é uma adaptação feita para o convívio com humanos.
Na natureza, o repertório vocal do gato é mínimo. Mas ao perceber que conseguimos entender e responder, eles passam a usar essa linguagem com os tutores. Com o tempo, cada miado ganha um significado único dentro da casa, entendido apenas pela família e pelo gato.
Quem convive de perto sabe: existe um miado para pedir comida, outro para chamar atenção e até um específico para expressar desconforto.
Linguagem corporal: o corpo fala
Além dos sons e do cheiro, os gatos também se comunicam por meio da postura. Orelhas, cauda, olhos e até os bigodes são ferramentas de expressão muito claras para quem sabe observar.
Um bigode projetado para frente pode indicar curiosidade ou prontidão. Já uma orelha virada para trás pode sinalizar irritação ou cautela. A cauda ereta demonstra confiança e satisfação, enquanto uma cauda arrepiada indica alerta ou medo.
Com treino e atenção, o tutor aprende a “traduzir” esses sinais e passa a compreender melhor o que o gato está sentindo em cada situação.
Um aprendizado contínuo
Os gatos se entendem muito bem entre si, mas para os humanos essa comunicação pode parecer enigmática. Observar, respeitar e responder aos sinais é a chave para construir uma relação mais próxima e harmoniosa.