Prêmio escolas sustentáveis destaca projetos com impacto comunitário

Projetos socioambientais focados no desenvolvimento sustentável, realizados por professores e alunos em escolas do Brasil, têm gerado impactos positivos em suas comunidades. Essas ações vão além das paredes das instituições de ensino e trazem benefícios diretos para a população local.

Recentemente, a 3ª edição do Prêmio Escolas Sustentáveis premiou algumas dessas iniciativas em um evento em São Paulo. Durante o evento, a professora Maria Raquel Santos, da Creche Municipal Magdalena Arce Daou, em Manaus, destacou a importância de “desemparedar” as escolas. Para ela, as instituições devem interagir com a sociedade, fortalecendo a consciência ambiental de todos.

Um dos projetos premiados foi o IncluARTE – SustentART, que surgiu a partir da necessidade de incluir crianças com deficiência. Maria Raquel percebeu as dúvidas e dificuldades das mães em lidar com a descoberta da condição dos filhos e as adaptações necessárias. Assim, decidiu unir arte à inclusão, utilizando a sustentabilidade como fio condutor.

Ela apresentou a ideia de construir terrários, que simbolizam micromundos, inspirado em um projeto do Instituto Federal do Amazonas. Isso não só ajudou as mães a processarem a nova realidade, mas também abriu espaço para a criação de um jardim sensorial na creche, um projeto colaborativo que se tornou um marco no bairro.

Infelizmente, enquanto trabalhavam no jardim, um incêndio próximo à creche destruiu parte da vegetação local. A creche, que fica ao lado de um igarapé poluído, se viu diante da urgência de recuperar a área. A professora mobilizou a comunidade, familiares e alunos para iniciar ações de restauração.

A equipe buscou parcerias, como a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que forneceu mudas para replantar a área devastada e criar um pomar na creche. A associação com a Secretaria de Limpeza Pública resultou em uma exposição sustentável, onde as crianças e suas mães transformaram tampinhas de garrafa em obras de arte. O projeto contou com a participação de mais de 5 mil pessoas e já inspirou outras seis creches em Manaus.

### Finalistas do Prêmio

No total, dez projetos foram finalistas do Prêmio Escolas Sustentáveis, que também premiou a Escola Estadual Brasil, de Limeira (SP). O projeto AquaTerraAlert, desenvolvido por alunos do 6º ano, busca mitigar os impactos de enchentes e deslizamentos de terra. A professora Nayra contou que a ideia surgiu após perceber que Limeira estava em uma área de risco.

Os alunos trabalharam em equipe, analisando dados sobre deslizamentos e alagamentos. Juntos, criaram um protótipo de sistema de monitoramento que alerta sobre esses eventos, utilizando sensores de luz e envia mensagens para pessoas em áreas de risco.

Além do protótipo, produziram cartazes e apresentaram suas soluções para a comunidade escolar. A professora destacou a importância de integrar diferentes disciplinas, desde a ciência à tecnologia, enriquecendo a experiência dos alunos.

### Reflexões sobre Educação e Sustentabilidade

Para Luciano Monteiro, diretor da Fundação Santillana no Brasil, esses projetos mostram como é possível romper as barreiras escolares e envolver famílias e comunidades em ações práticas. Ele vê o trabalho da Escola Estadual Brasil como um exemplo notável, já que aborda um problema real da comunidade e envolve os alunos na busca de soluções.

Neste contexto, o Prêmio Escolas Sustentáveis também serve para trazer à tona a discussão sobre sustentabilidade nas escolas, reforçando o papel da educação na transformação social. Ele ressalta que o objetivo é destacar essas iniciativas, mostrando que a educação vai além do aprendizado tradicional.

Rodrigo Rossi, da OEI no Brasil, enfatiza que essa iniciativa se consolidou como uma das mais importantes da Ibero-América, promovendo uma educação que valoriza a sustentabilidade e a preservação ambiental. Assim, é possível ver que o aprendizado além da sala de aula pode gerar frutos significativos para toda a comunidade.