Empréstimo na conta de energia: vale a pena? Veja as regras e taxas
O empréstimo na conta de energia surge no mercado de crédito como uma alternativa para quem busca acesso rápido a recursos financeiros, mas enfrenta dificuldades de aprovação em modalidades tradicionais. A proposta de vincular as parcelas do empréstimo à fatura de luz simplifica o processo, especialmente para negativados.
Essa modalidade de crédito pessoal foi regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2019 e opera por meio de parcerias entre instituições financeiras e as distribuidoras de energia. O modelo se baseia na premissa de que a conta de luz é uma despesa prioritária, o que diminui o risco de inadimplência para a credora.
No entanto, a aparente facilidade de contratação vem acompanhada de taxas de juros que estão entre as mais elevadas do mercado. A praticidade de unificar o pagamento em uma única fatura pode mascarar um Custo Efetivo Total (CET) que compromete o orçamento familiar a longo prazo.
A decisão de contratar esse tipo de empréstimo exige, portanto, uma análise cuidadosa das condições, dos custos e, principalmente, dos riscos envolvidos.
Índice – Empréstimo na conta de energia
- O que é o empréstimo na conta de energia e como ele funciona
- Quem pode fazer o empréstimo: as regras para aprovação
- Taxas e juros: o que você precisa saber sobre o Custo Efetivo Total (CET)
- Empréstimo na conta de energia vale a pena? Vantagens e desvantagens
- O que acontece se o empréstimo não for pago e os riscos de corte de energia
- Como funciona o pagamento das parcelas na sua conta de luz
O que é o empréstimo na conta de energia e como ele funciona
O empréstimo na conta de energia é uma modalidade de crédito pessoal na qual o pagamento das parcelas é realizado de forma conjunta com a fatura mensal de energia elétrica. Trata-se de uma solução financeira oferecida por fintechs e outras instituições de crédito em parceria com as concessionárias de energia.
O funcionamento do processo é relativamente simples. O interessado realiza uma simulação junto a uma das financeiras que oferecem o serviço, envia a documentação necessária para a análise de crédito e, se aprovado, recebe o valor solicitado diretamente em sua conta bancária em um curto período de tempo.
A partir do mês seguinte à contratação, a financeira informa à distribuidora de energia o valor da parcela mensal do empréstimo. A concessionária, então, inclui esse valor na fatura de luz do consumidor, que passa a receber um único boleto com a soma de seu consumo de energia e da prestação do crédito.
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Quem pode fazer o empréstimo: as regras para aprovação
A elegibilidade para o empréstimo na conta de luz depende de um conjunto de critérios básicos. O solicitante precisa ser maior de 21 anos, ser o titular da conta de energia elétrica e possuir uma conta bancária em seu nome para o recebimento do valor.
Um dos principais requisitos é a adimplência com a própria concessionária de energia. É indispensável que o titular da conta de luz esteja com todas as suas faturas de energia em dia, pois o histórico de bom pagador desse serviço é um dos principais fatores analisados pela financeira.
Embora seja uma opção frequentemente procurada por pessoas com restrições de crédito, como negativados ou com baixo score, a aprovação não é garantida. Cada instituição financeira realiza sua própria análise de crédito, que pode levar em conta outros fatores, como a renda e o nível de endividamento do solicitante.
Taxas e juros: o que você precisa saber sobre o Custo Efetivo Total (CET)
O ponto de maior atenção no empréstimo na conta de luz são os juros. Por ser uma modalidade de crédito com menor burocracia e direcionada a um público com maior risco de inadimplência, as taxas de juros praticadas são significativamente mais altas do que as de outras linhas, como o empréstimo consignado.
As taxas de juros mensais para essa modalidade podem variar de forma expressiva, situando-se frequentemente na faixa de 12% a 17% ao mês. Esse percentual elevado resulta em um Custo Efetivo Total (CET) que pode fazer com que o valor final pago pelo empréstimo seja mais do que o dobro do montante original.
É fundamental que o consumidor, antes de contratar, analise o CET da operação, e não apenas a taxa de juros nominal. O CET inclui todos os encargos, taxas e seguros da operação e representa o custo real do empréstimo, sendo a única métrica que permite uma comparação justa entre as diferentes ofertas de crédito.
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Empréstimo na conta de energia vale a pena? Vantagens e desvantagens
A decisão sobre se o empréstimo na conta de energia vale a pena depende de uma análise cuidadosa do perfil e da necessidade do consumidor. A principal vantagem da modalidade é a sua acessibilidade, especialmente para quem tem o nome negativado e não consegue aprovação em outras linhas de crédito. A rapidez na liberação do dinheiro também é um atrativo para situações de emergência.
No entanto, as desvantagens são significativas e devem ser ponderadas. A principal delas é o custo elevado. As taxas de juros praticadas estão entre as mais altas do mercado de crédito pessoal, o que torna o empréstimo uma opção cara a longo prazo. Além disso, os valores liberados costumam ser baixos, geralmente não ultrapassando os R$ 2.500, e os prazos de pagamento são curtos.
Diante desse cenário, o empréstimo na conta de luz deve ser encarado como uma solução de último recurso, para emergências pontuais e quando outras alternativas de crédito mais baratas, como o consignado ou a antecipação do FGTS, não estiverem disponíveis.

O que acontece se o empréstimo não for pago e os riscos de corte de energia
O principal risco associado ao não pagamento do empréstimo na conta de luz é a possibilidade de ter o fornecimento de energia elétrica interrompido. Como a parcela do empréstimo e o valor do consumo de energia são unificados em uma única fatura, o não pagamento do boleto total deixa o consumidor inadimplente com a concessionária.
Para a distribuidora de energia, a fatura é considerada como não paga, independentemente de a dívida ser do consumo ou do empréstimo. Dessa forma, após os prazos de aviso prévio estabelecidos pela ANEEL, a empresa tem o direito legal de suspender o fornecimento de energia da residência.
Além do risco de corte de luz, a inadimplência também gera a cobrança de multas e juros sobre o valor total da fatura e pode levar à negativação do nome do titular nos órgãos de proteção ao crédito, como a Serasa (serasa.com.br) e o SPC (spcbrasil.com.br).
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Como funciona o pagamento das parcelas na sua conta de luz
O mecanismo de pagamento das parcelas é o que caracteriza essa modalidade de crédito. A instituição financeira que concedeu o empréstimo possui um convênio com a distribuidora de energia, que permite a inclusão da cobrança na fatura.
A cada mês, a financeira informa à concessionária o valor da parcela a ser cobrada. A empresa de energia, por sua vez, adiciona esse valor como um item separado na conta de luz, geralmente descrito como “Convênio Financeira” ou “Doação/Cobrança de Terceiros”.
O consumidor recebe, então, um único boleto, com um único código de barras, que representa a soma de seu consumo de energia e da parcela do empréstimo. É fundamental compreender que o pagamento é indivisível; não é possível pagar apenas a parte referente à energia e deixar a parcela do empréstimo em aberto. A fatura deve ser quitada em seu valor total.