O que são dividendos e como eles podem gerar renda passiva para você?

Saber o que são dividendos é o primeiro passo para o investidor que busca construir uma fonte de renda passiva por meio do mercado de capitais, utilizando os lucros das empresas como uma forma de remuneração. Essa estratégia é uma das mais tradicionolas e consolidadas para a acumulação de patrimônio a longo prazo.

Os dividendos representam uma parcela do sucesso de uma companhia, que é compartilhada diretamente com seus acionistas. Ao investir em empresas que possuem um histórico consistente de distribuição de lucros, o investidor se torna sócio de negócios maduros e rentáveis.

Essa modalidade de provento é particularmente atraente por oferecer um fluxo de caixa periódico, que pode ser utilizado para complementar a renda ou para ser reinvestido, acelerando o crescimento da carteira. O recebimento desses valores, contudo, obedece a regras e a um calendário específico.

A compreensão sobre como os dividendos funcionam, a diferença para outras formas de remuneração, como os Juros sobre Capital Próprio (JCP), e como eles se encaixam em uma estratégia de investimentos é fundamental. As informações a seguir detalham o mecanismo de distribuição de lucros e seu papel no planejamento financeiro.

O que é e como funciona o pagamento de dividendos

Dividendos são uma parte do lucro líquido de uma empresa que é distribuída aos seus acionistas. Funcionam como uma forma de remunerar os investidores por terem aplicado seu capital no negócio. O pagamento é uma consequência direta do bom desempenho financeiro da companhia.

De acordo com a legislação brasileira, especificamente a Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/76), as empresas de capital aberto que registram lucro em um determinado exercício são obrigadas a distribuir uma parcela desse resultado a seus acionistas. O percentual mínimo a ser distribuído, conhecido como “dividendo obrigatório”, é definido no estatuto social de cada companhia.

O funcionamento do pagamento é proporcional à participação do investidor. A empresa define um valor a ser pago por cada ação, e o montante que cada acionista recebe é o resultado da multiplicação desse valor pelo número de ações que ele possui.

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Dividendos como fonte de renda passiva

A principal atratividade dos dividendos para o investidor de longo prazo é sua capacidade de gerar renda passiva. Define-se como renda passiva todo rendimento que é obtido com um mínimo de esforço contínuo, como o aluguel de um imóvel ou os juros de uma aplicação financeira.

No contexto do mercado de ações, os dividendos se encaixam perfeitamente nessa definição. Ao montar uma carteira de ações de empresas boas pagadoras de proventos, o investidor cria um fluxo de caixa que é depositado em sua conta de forma periódica (mensal, trimestral ou anualmente), sem a necessidade de vender seus ativos.

Com o tempo, e por meio do reinvestimento dos próprios dividendos na compra de mais ações, o investidor aciona o poder dos juros compostos. Essa estratégia, conhecida como “efeito bola de neve”, faz com que a renda passiva gerada pela carteira cresça de forma exponencial, podendo se tornar uma fonte de renda substancial no futuro.

A diferença entre dividendos e juros sobre capital próprio (JCP)

Embora para o investidor o resultado final seja semelhante – o recebimento de dinheiro na conta –, existe uma diferença contábil e tributária fundamental entre os dividendos e os Juros sobre Capital Próprio (JCP).

A principal diferença está na origem do pagamento dentro do balanço da empresa. Os dividendos são pagos a partir do lucro líquido, ou seja, após a empresa já ter calculado seu resultado e pago o Imposto de Renda sobre ele. Por essa razão, os dividendos recebidos pelo acionista pessoa física são isentos de Imposto de Renda.

Os Juros sobre Capital Próprio (JCP), por sua vez, são classificados como uma despesa financeira para a empresa, sendo pagos antes do cálculo do lucro líquido. Como a empresa deduz esse pagamento de sua base de cálculo de impostos, o tributo é transferido para o acionista, que sofre uma retenção de 15% de Imposto de Renda na fonte sobre o valor recebido.

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Como os dividendos são pagos aos investidores

O processo de pagamento de dividendos é padronizado e ocorre de forma automática para o investidor. Após a aprovação da distribuição dos lucros em seu conselho de administração, a empresa comunica ao mercado todas as informações sobre o pagamento.

No dia definido pela companhia para a liquidação do provento, o valor correspondente às ações do investidor é creditado diretamente em sua conta na corretora de valores por meio da qual ele realizou o investimento.

O investidor não precisa realizar nenhuma ação para solicitar o recebimento do dinheiro. O valor aparece como um crédito no extrato da conta da corretora e fica disponível para ser sacado ou reinvestido na compra de novos ativos, de acordo com a estratégia de cada um.

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Para ter direito a receber os dividendos, o investidor precisa ser proprietário da ação até a “data com”, o dia limite estabelecido pela empresa para o direito ao provento – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

O que é preciso para receber dividendos

Para ter direito a receber os dividendos anunciados por uma empresa, o único requisito para o investidor é ser proprietário das ações da companhia até uma data limite específica, que é informada no anúncio do pagamento.

Essa data é conhecida no mercado como “data com” (data com direito ao provento). Todos os investidores que estiverem com as ações em sua carteira no fechamento do pregão da “data com” estarão aptos a receber os dividendos.

A partir do dia seguinte, a ação passa a ser negociada “ex-dividendos” (ou na “data ex”). Isso significa que quem comprar a ação a partir dessa data não terá mais direito ao recebimento daquele dividendo específico, que será pago apenas aos acionistas antigos. Essa regra garante que apenas os sócios que estavam com a empresa durante o período de geração do lucro sejam remunerados.

Como os dividendos ajudam na sua estratégia de investimentos

Os dividendos podem ser utilizados de diferentes formas dentro de uma estratégia de investimentos, dependendo dos objetivos do investidor. A primeira e mais óbvia é a utilização dos valores como uma fonte de renda complementar para o pagamento de despesas.

Para os investidores que estão em fase de acumulação de patrimônio, a estratégia mais poderosa é a do reinvestimento. Utilizar o valor recebido em dividendos para comprar mais ações da própria empresa ou de outras boas pagadoras acelera o crescimento do portfólio por meio do efeito dos juros compostos.

Além disso, o histórico de pagamento de dividendos de uma empresa também serve como um importante indicador de análise. Companhias que pagam dividendos de forma consistente e crescente ao longo dos anos são, geralmente, negócios maduros, lucrativos e com uma gestão focada na geração de valor para o acionista.

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Dividendos e a carteira de investimentos

A inclusão de ações pagadoras de dividendos em uma carteira de investimentos também desempenha um papel importante na diversificação e na redução do risco do portfólio.

As empresas que são boas pagadoras de dividendos geralmente pertencem a setores mais resilientes e defensivos da economia, como o de energia elétrica, o financeiro e o de saneamento. A receita dessas companhias tende a ser mais previsível, o que se reflete em uma menor volatilidade de suas ações.

Para avaliar o potencial de uma ação como pagadora de dividendos, os investidores utilizam um indicador chamado “dividend yield” (DY). Ele é calculado dividindo-se o valor do dividendo pago por ação pelo preço da ação. O resultado, expresso em percentual, mostra o retorno que o investidor teria em um ano, apenas com o recebimento de proventos.