O que é INCC: entenda como o índice impacta o preço do seu imóvel

A dúvida sobre o que é INCC é uma das mais frequentes para quem compra um imóvel na planta, pois o processo de pagamento durante a construção é marcado pela correção das parcelas e do saldo devedor. Essa particularidade financeira, embora seja uma prática legal de mercado, muitas vezes gera dúvidas nos compradores.

Essa correção é realizada por meio do Índice Nacional de Custo da Construção, conhecido pela sigla INCC. Trata-se de um indicador que mede a variação dos custos do setor da construção civil e que é aplicado aos contratos de imóveis que ainda não foram concluídos.

O INCC não é um juro, mas sim um índice de reajuste monetário. Sua função é a de garantir o equilíbrio financeiro do contrato, protegendo a construtora da inflação de seus próprios custos e assegurando que a obra possa ser finalizada conforme o planejado.

Para o comprador, compreender o funcionamento do índice e de que forma ele afeta o valor das prestações é fundamental. O conhecimento sobre o cálculo e a aplicação do INCC permite um planejamento financeiro mais realista e evita surpresas no orçamento ao longo do período de obras.

O que é o INCC: a inflação que corrige os custos da construção civil

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) é um dos principais termômetros da economia do setor da construção no Brasil. Calculado e divulgado mensalmente pela Fundação Getulio Vargas – FGV (portal.fgv.br), ele foi o primeiro índice oficial a mensurar a evolução dos custos das construções habitacionais no país.

A principal finalidade do INCC é a de servir como um índice de correção monetária para os contratos de compra e venda de imóveis na planta. Ele reflete a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços que compõem o custo de uma obra, desde os materiais básicos até a mão de obra.

É fundamental entender que o INCC não é uma taxa de juros, mas sim um índice de inflação setorial. Sua aplicação nos contratos imobiliários visa a reajustar o valor das parcelas e do saldo devedor para preservar o poder de compra ao longo do tempo, garantindo que o valor pago pelo comprador acompanhe os custos reais da construtora.

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O impacto direto do INCC no preço do seu imóvel na planta

Ao adquirir um imóvel na planta, o comprador assume um compromisso de pagamento que se estende por todo o período de construção. Durante esses meses ou anos, os preços dos insumos da construção podem variar significativamente, e é para cobrir essa variação que o INCC é aplicado.

O impacto do índice é direto tanto nas parcelas mensais que são pagas à construtora quanto, e principalmente, no saldo devedor remanescente. A cada mês, o saldo devedor total é corrigido pela variação do INCC divulgada pela FGV.

Essa correção mensal significa que o valor total que o comprador irá pagar pelo imóvel ao final do período de obras será maior do que o preço original negociado no momento da assinatura do contrato. Esse reajuste é uma prática legal e padrão nos contratos de compra de imóveis na planta.

Entenda a fórmula: como o INCC é calculado com mão de obra e materiais

O cálculo do INCC é realizado pela FGV com base em uma pesquisa de preços abrangente, feita em sete das principais capitais brasileiras. A metodologia busca refletir de forma ponderada a realidade dos custos da construção em diferentes regiões do país.

A cesta de insumos analisada é dividida em três grandes grupos: Materiais e Equipamentos, Serviços e Mão de Obra. O grupo de materiais e equipamentos tem o maior peso no cálculo e inclui itens como cimento, aço, tijolos e esquadrias. O grupo de mão de obra, por sua vez, acompanha a variação dos salários de pedreiros, engenheiros e outros profissionais do setor.

Existem três versões do índice, que se diferenciam pelo período de coleta dos preços: o INCC-M (coleta do dia 21 ao dia 20), o INCC-DI (do dia 1º ao dia 30) e o INCC-10 (do dia 11 ao dia 10). O INCC-M é o mais utilizado nos contratos imobiliários.

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INCC vs. IGP-M e IPCA: saiba a diferença e quando cada um é usado

É comum que os compradores de imóveis se deparem com diferentes siglas de índices de correção, e é importante entender a finalidade de cada um. O INCC, como vimos, é o índice específico para o período de construção.

O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) é outro índice calculado pela FGV, mas muito mais abrangente. Por ser fortemente influenciado pelos preços no atacado e pelo dólar, ele foi por muitos anos o principal índice de reajuste de contratos de aluguel.

Já o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE (ibge.gov.br), é o índice oficial de inflação do Brasil, pois mede a variação de preços para o consumidor final. Após a entrega das chaves, é o IPCA que geralmente passa a corrigir o saldo devedor nos contratos de financiamento imobiliário, somado aos juros do banco.

O que é INCC entenda como o índice impacta o preço do seu imóvel (2)
O cálculo do INCC é feito pela FGV e leva em conta a variação de preços de materiais, mão de obra e serviços, refletindo a inflação do setor da construção – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

Quando o INCC para de ser cobrado no seu financiamento

A aplicação do INCC sobre as parcelas e o saldo devedor de um imóvel na planta tem um prazo de validade bem definido. O índice é utilizado exclusivamente durante o período em que a obra está em andamento.

A cobrança do INCC cessa no momento da conclusão da construção, que é formalizada pela expedição do “Habite-se”, o documento emitido pela prefeitura que atesta que o imóvel foi construído de acordo com as normas e está pronto para ser habitado.

A partir desse momento, se o comprador for financiar o saldo devedor restante com um banco, o contrato passará a ser corrigido por outro índice, geralmente o IPCA, acrescido da taxa de juros do financiamento. O INCC deixa de ser aplicado pois não há mais custos de construção a serem reajustados.

Exemplo prático: como o INCC reajusta as parcelas do seu imóvel

A principal dúvida dos compradores é sobre como o reajuste do INCC é aplicado. É fundamental entender que o índice não corrige o valor da parcela, mas sim o saldo devedor total.

Para ilustrar, considere um saldo devedor de R$ 200 mil. Se, em um determinado mês, o INCC for de 0,5%, o saldo devedor será corrigido para R$ 201 mil (R$ 200.000 x 1,005). Se, nesse mesmo mês, o comprador pagar uma parcela de R$ 2 mil, o novo saldo devedor para o mês seguinte será de R$ 199 mil.

No mês seguinte, o novo INCC será aplicado sobre esses R$ 199 mil, e o ciclo se repete. Esse mecanismo explica por que, mesmo pagando as parcelas em dia, o saldo devedor pode continuar a subir durante a obra, especialmente em períodos de inflação alta no setor da construção.

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O que fazer para se proteger do impacto do INCC no seu orçamento

A melhor forma de se proteger do impacto do INCC é o planejamento financeiro. Ao comprar um imóvel na planta, o consumidor não deve considerar que suas parcelas serão fixas. É preciso prever em seu orçamento uma margem para o aumento das prestações decorrente da correção monetária.

Uma estratégia para mitigar o efeito do INCC, se o contrato permitir e se houver disponibilidade de recursos, é a antecipação de parcelas. Ao pagar parcelas intermediárias ou adiantar o pagamento de parte do saldo devedor, o comprador reduz o montante sobre o qual o índice de correção irá incidir nos meses seguintes.

Acompanhar a divulgação mensal do INCC também ajuda o comprador a ter uma previsibilidade maior sobre os reajustes. Embora não seja possível prever o índice com exatidão, a observação das tendências da economia e do setor da construção pode dar uma indicação se os custos estão em um movimento de alta ou de estabilização.