Gerdau: balanço revela desempenho dos EUA e dificuldades do Brasil
A Gerdau, uma das principais produtoras de aço do Brasil, divulgou seus resultados financeiros recentes, que mostram uma situação mista para a empresa. No segundo trimestre deste ano, a receita líquida cresceu 1,7%, alcançando R$ 17,5 bilhões, número que está alinhado com as expectativas do mercado. Contudo, essa melhora foi impulsionada principalmente pela atuação da empresa nos Estados Unidos, onde a receita cresceu 12,5%. Em contraste, a receita no Brasil apresentou uma queda significativa de 11,5%.
O CFO da Gerdau, Rafael Japur, destacou que a demanda por aço permanece forte nos Estados Unidos, especialmente em setores como construção civil não residencial, que inclui projetos de data centers e energia renovável. Essa diferença nas operações se reflete ainda mais no EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que teve um aumento de 36,5% na operação americana, enquanto no Brasil houve uma queda de 19,9%.
Como resultado, a operação nos Estados Unidos agora representa 61% do EBITDA total da Gerdau, um crescimento de 4 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre. A Gerdau atribui a queda de sua performance no Brasil, em parte, ao aumento das importações de aço da China, que subiram 28% no primeiro semestre de 2024 em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Nos Estados Unidos, as tarifas sobre o aço importado, que chegam a 50%, ajudaram a proteger o mercado local. No Brasil, a situação é diferente, onde as importações poderiam atingir 6,4 milhões de toneladas neste ano, bem acima da média histórica de 2 milhões de toneladas. Essa situação pressionou os lucros da empresa, que no último trimestre tiveram uma diminuição de 31,4%, totalizando R$ 864 milhões, abaixo da expectativa de R$ 900 milhões.
Adicionalmente, os custos foram impactados pelo início de uma nova linha de produção de bobinas de aço laminado a quente (HRC) em Ouro Branco. O CFO indicou que a expectativa é de que os resultados na operação brasileira melhorem ao longo do ano, especialmente com a conclusão das obras na Mina de Miguel Burnier, que terá capacidade para produzir 5,5 milhões de toneladas de minério de alto teor. Isso deve adicionar aproximadamente R$ 1,1 bilhão por ano ao EBITDA da empresa.
Analistas do mercado, como Lucas Laghi da XP, mencionam que há espaço para uma possível melhoria no EBITDA no terceiro trimestre, devido aos aumentos de preço do aço nos EUA e possíveis melhorias nos custos das operações no Brasil, mesmo em um ambiente econômico desafiador.
Em termos de investimentos, a Gerdau planejou um total de R$ 3 bilhões até 2025, principalmente em projetos relacionados a Miguel Burnier e à planta de HRC. A meta é atingir R$ 6 bilhões até o final do ano. No entanto, Japur afirmou que a empresa está reavaliando seus investimentos no Brasil diante da dificuldade de competir com o aço importado.
Atualmente, as ações da Gerdau têm mostrado uma queda de 7,7% nos últimos doze meses, resultando em um valor de mercado de R$ 32,6 bilhões na B3.