UNE inicia mobilização pela soberania e contra o extremismo

A estudante de Letras do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Bianca Borges, de 25 anos, foi eleita a nova presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE). Nascida em Itapevi e criada na Praia Grande, no litoral paulista, Bianca comandará o movimento estudantil brasileiro pelos próximos dois anos. Ela conquistou 82,62% dos votos no congresso da UNE, que aconteceu no último fim de semana em Goiânia, reunindo mais de 10 mil universitários de todo o Brasil.

Esse novo capítulo da UNE se dá em um momento crítico para o país, que enfrenta tensões com os Estados Unidos, especialmente desde que o então presidente Donald Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Essa taxação começará na próxima sexta-feira (1º) e, para marcar a data, a UNE planeja uma série de mobilizações em defesa da soberania nacional.

Bianca ressaltou a importância histórica da UNE, que foi criada em 1937 para combater o nazifascismo. Ela explicou que, assim como na época, o Brasil enfrenta ataques que precisam ser confrontados. “Agora, temos que nos unir para defender a nossa soberania e garantir um futuro melhor para a educação”, disse.

Unidade do movimento

A nova direção da UNE representa uma unidade histórica do movimento estudantil. A chapa de Bianca, que é fruto de uma aliança entre diferentes partidos, foi consolidada com uma votação expressiva. A chapa, intitulada "Unidade e coragem em defesa do Brasil: estudantes nas ruas para derrotar a extrema direita, taxar os super-ricos e investir na educação", destaca a necessidade de se unir forças para enfrentar os desafios atuais.

Concorreram outras chapas, mas a união e a proposta apresentada por Bianca se destacaram. Essa nova composição abre espaço para forças políticas diversas dentro da UNE, algo que não se via há tempos.

Evasão no ensino superior

Um dos temas centrais discutidos no Conune foi a evasão nas universidades, um problema crescente que afeta muitos estudantes. Um levantamento do Censo da Educação Superior de 2023 revelou uma taxa alarmante, com 53% de desistências nas instituições públicas e 61% nas privadas. Nos cursos de licenciatura, a taxa de abandono chegou a 58% em 2022.

Bianca expressou sua preocupação com esses números e enfatizou a necessidade de garantir que todos tenham a oportunidade de concluir seus estudos. “Queremos uma universidade que sirva ao desenvolvimento social e econômico do país”, afirmou.

Recentemente, o presidente Lula sancionou um projeto para destinar recursos à assistência estudantil, com foco em alunos ingressantes através de ações afirmativas. Além disso, foi lançado um programa que oferece uma bolsa de R$ 1.050 para estudantes de licenciatura. No entanto, a UNE acredita que esses esforços ainda são insuficientes e defende a necessidade de mais recursos para a educação.

Protagonismo feminino

Bianca Borges é a primeira mulher a assumir a presidência da UNE após várias gestões femininas nos últimos anos. O protagonismo das mulheres no movimento é uma realidade que cresce, e Bianca reforçou que o acesso delas à educação superior é uma conquista recente. “Precisamos quebrar as barreiras de gênero, e isso nos permitirá ter lideranças mais acolhedoras”, disse.

Acidente com estudantes

O último congresso da UNE também foi marcado por uma tragédia. Um grave acidente de trânsito na rodovia BR-153, em Goiás, resultou na morte de cinco pessoas, incluindo três estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA) que estavam a caminho do evento. As vítimas fatais foram identificadas como Leandro, Ana Letícia e Welfesom. Outras 70 pessoas ficaram feridas, e dois estudantes ainda estão internados, recebendo suporte do governo federal para seus retornos para casa.

Nesse cenário desafiador, a UNE busca unir vozes e lutar por um futuro melhor para a educação no Brasil.