Um pai indocumentado e pai de três fuzileiros navais, conhecido como Narciso Barranco, falou pela primeira vez sobre a experiência traumática que viveu após ser detido por agentes de imigração em seu trabalho de jardinagem na Califórnia, no mês passado. Ele fez um emocionante discurso em uma coletiva de imprensa em Santa Ana, onde expressou sua gratidão à comunidade e a sua família pelo apoio recebido.
A detenção de Barranco ocorreu no dia 21 de junho, quando ele foi abordado por agentes da Patrulha de Fronteira. Imagens do momento mostram agentes encapuzados segurando Barranco no chão e, segundo relatos, ele foi agredido repetidamente após tentar fugir. Barranco foi liberado da custódia federal no dia 15 de julho, e atualmente está fora sob fiança, aguardando uma audiência sobre seu status migratório marcada para agosto.
Na coletiva, rodeado por autoridades locais, Barranco agradeceu seu apoio incondicional. “Eu amo todos vocês e estou muito orgulhoso de vocês”, afirmou em espanhol para os filhos. Para sua esposa, Marta, expressou gratidão pelo amor e pela força que ela lhe deu durante a situação difícil. Ele também se dirigiu às famílias de outros detidos, encorajando-as a manter a fé e a esperança.
Barranco fez um apelo às autoridades federais, solicitando que não tirem a possibilidade de outras pessoas se reunirem com suas famílias. “Por favor, não tirem as oportunidades deles”, pediu ele.
A advogada de Barranco, Lisa Ramirez, destacou que a situação dele não é um caso isolado. Segundo ela, a história de Barranco representa muitos outros que, como ele, têm contribuído para o país e que podem ser detidos arbitrariamente. Ela lembrou que há inúmeras pessoas na mesma situação e que é fundamental reconhecer suas contribuições à sociedade.
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos afirmou que Barranco está no país ilegalmente e resistiu às ordens dos agentes, alegando que ele tentou atacar um dos agentes com um aparador de grama. A porta-voz do departamento defendeu que os agentes agiram de maneira apropriada considerando a necessidade de proteger o público e a si mesmos.
Um dos filhos de Barranco, Alejandro, que também é veterano dos fuzileiros navais, relatou aos membros do Congresso que o pai ficou aterrorizado ao ver os homens encapuzados se aproximando enquanto trabalhava. Ele explicou que os agentes não se identificaram e não mostraram um mandado, o que acabou gerando ainda mais medo e pânico em Barranco.
Alejandro também ressaltou que seu pai não tem antecedentes criminais e que, por isso, nunca deveria ter sido tratado daquela forma. “Ele apoiou a família e pagou impostos. Ele é um ser humano que merecia ser tratado com dignidade”, disse o veterano, se referindo ao pai.
A história de Narciso Barranco levanta questões importantes sobre os direitos dos imigrantes e a forma como as autoridades lidam com detenção e deportação nos Estados Unidos, especialmente em situações envolvendo famílias.