Quanto tempo demora a análise do INSS a distância: entenda os prazos

Para milhões de brasileiros que solicitam um benefício ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a fase de análise do requerimento é um período de grande expectativa e, muitas vezes, de ansiedade. A espera por uma resposta sobre a concessão de uma aposentadoria ou de um auxílio pode se estender por meses, gerando incerteza.

Com a digitalização dos serviços, a grande maioria dos pedidos é realizada “a distância”, por meio da plataforma Meu INSS (meu.inss.gov.br). Embora esse modelo tenha trazido mais comodidade ao cidadão, que não precisa mais se dirigir a uma agência para dar entrada no processo, ele não eliminou o desafio dos longos prazos de espera.

A legislação e um acordo judicial estabelecem prazos máximos para que o INSS conclua a análise de cada tipo de benefício. No entanto, a realidade operacional da autarquia, marcada por um alto volume de pedidos e um número limitado de servidores, frequentemente resulta no descumprimento desses prazos.

Compreender quais são os prazos oficiais, os fatores que podem atrasar a análise e os caminhos que o cidadão pode seguir para cobrar uma resposta é fundamental.

O que é a análise a distância do INSS e como ela funciona

A análise a distância é o procedimento padrão do INSS para a avaliação de requerimentos de benefícios. Nesse modelo, toda a solicitação, incluindo o envio de documentos e o preenchimento de formulários, é realizada por meio da plataforma digital Meu INSS, acessível pelo site ou aplicativo.

O processo funciona de forma descentralizada. Após o cidadão protocolar seu pedido, ele entra em uma fila nacional de análise. O requerimento é então distribuído eletronicamente para um servidor do INSS, que pode estar localizado em qualquer parte do Brasil, para realizar a avaliação do direito ao benefício.

Até mesmo os benefícios que tradicionalmente exigiam uma perícia presencial, como o auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença), foram adaptados para o modelo a distância. A análise documental de atestados, por meio do sistema Atestmed, tornou-se o procedimento padrão, agilizando a concessão em casos mais simples.

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Prazos legais para a análise de benefícios pelo INSS em 2025

A legislação brasileira estabelece prazos para a conclusão dos processos administrativos. A Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo federal, determina que a administração pública tem o prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, para proferir uma decisão.

No entanto, devido ao histórico de descumprimento desses prazos pelo INSS, foi firmado um acordo judicial entre o instituto e o Ministério Público Federal, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Esse acordo estabeleceu novos prazos, que variam conforme o tipo de benefício e são os que estão em vigor atualmente.

De acordo com o acordo, os prazos máximos para a conclusão da análise são de 90 dias para aposentadorias (exceto por invalidez) e para o BPC/LOAS; 60 dias para pensão por morte e auxílio-acidente; 45 dias para auxílio-doença e aposentadoria por invalidez; e 30 dias para o salário-maternidade.

Quanto tempo demora a análise do INSS a distância: benefícios comuns

Embora existam os prazos oficiais, o tempo de espera real pode ser diferente. A duração da análise varia muito de acordo com a complexidade do benefício solicitado e a qualidade da documentação apresentada pelo segurado.

Benefícios mais simples e com documentação padronizada, como o salário-maternidade urbano, tendem a ser analisados de forma mais rápida, muitas vezes dentro do prazo de 30 dias. A automação de parte do processo para esses casos contribui para a agilidade na concessão.

Por outro lado, requerimentos de aposentadoria com períodos especiais (atividades insalubres), rurais ou com múltiplos vínculos de trabalho costumam demorar mais, ultrapassando facilmente o prazo de 90 dias. A necessidade de uma análise manual detalhada desses casos complexos aumenta o tempo de espera na fila do INSS.

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Fatores que podem influenciar a duração da análise do seu pedido

Diversos fatores podem fazer com que a análise de um pedido se estenda para além do esperado. O principal deles é a apresentação de documentação incompleta ou com inconsistências. Se o servidor do INSS identificar a falta de um documento ou uma divergência de informações, ele emitirá uma “exigência”.

A exigência é uma notificação ao segurado para que ele apresente os documentos ou as informações faltantes. Enquanto a exigência não for cumprida, o prazo de análise do benefício fica suspenso. O cumprimento rápido e correto dessa solicitação é fundamental para que o processo retome seu andamento.

A própria complexidade do benefício, como já mencionado, é outro fator. Pedidos que exigem a realização de perícia médica ou avaliação social, como o BPC/LOAS, dependem não apenas do tempo de análise do servidor, mas também da disponibilidade de agenda dos peritos, o que pode prolongar a espera por meses.

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A plataforma Meu INSS é o principal canal para dar entrada e acompanhar o andamento do pedido de benefício, sendo essencial verificar regularmente o status do processo – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

Como acompanhar o status do seu pedido no Meu INSS e evitar surpresas

O acompanhamento ativo do processo é uma das melhores formas de evitar atrasos. O segurado deve acessar regularmente a plataforma Meu INSS, seja pelo site ou pelo aplicativo, para verificar o andamento de seu requerimento.

Na seção “Consultar Pedidos”, é possível visualizar o status atual do processo. A situação “em análise” indica que o pedido está na fila aguardando a avaliação de um servidor. O status que requer mais atenção é o “em exigência”, que sinaliza a necessidade de uma ação por parte do segurado.

Ao identificar uma exigência, o cidadão deve clicar sobre ela para ver os detalhes do que está sendo solicitado pelo INSS. Há um prazo legal de 30 dias para o cumprimento da exigência. A perda desse prazo pode resultar no arquivamento do processo sem uma análise do mérito do pedido.

O que fazer se o prazo de análise do INSS for excedido

Quando o prazo legal ou do acordo judicial para a análise do seu benefício é ultrapassado, existem medidas que o cidadão pode tomar para cobrar uma resposta do INSS. A primeira e mais simples é registrar uma reclamação na Ouvidoria do instituto.

A reclamação na Ouvidoria pode ser feita de forma online, por meio da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação (Fala.BR), ou por telefone, ligando para a central 135. Esse registro formaliza a queixa sobre a demora e pode fazer com que o processo seja tratado com mais prioridade pela agência.

Esse passo é importante não apenas como uma tentativa de solução administrativa, mas também porque, em muitos casos, a comprovação de que se tentou resolver a questão pela Ouvidoria é um requisito antes de se ingressar com uma medida judicial.

Recurso administrativo e judicial: quando buscar ajuda para a demora

É importante diferenciar as ferramentas disponíveis. O recurso administrativo é utilizado quando o benefício já foi analisado e negado (indeferido). Para os casos de simples demora na análise, a medida judicial correta é o Mandado de Segurança.

O Mandado de Segurança é uma ação judicial que não discute o mérito do direito ao benefício, mas sim o direito do cidadão a obter uma resposta da administração pública dentro de um prazo razoável. O objetivo é que o juiz determine que o INSS conclua a análise do requerimento em um prazo estipulado.

Essa é uma ferramenta extremamente eficaz para destravar processos que estão parados na fila do INSS há muitos meses, para além dos prazos legais. Para ingressar com um Mandado de Segurança, é necessário o auxílio de um advogado especializado em direito previdenciário.

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Dicas para agilizar a análise do seu benefício no INSS a distância

A melhor maneira de contribuir para uma análise mais rápida do seu benefício é por meio da preparação. Antes mesmo de dar entrada no pedido, o segurado deve realizar uma verificação completa do seu Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) no portal Meu INSS.

O CNIS é o principal documento analisado pelo INSS. Se houver vínculos de trabalho faltando, datas incorretas ou salários de contribuição ausentes, é fundamental solicitar a correção desses dados antes de pedir o benefício. Um requerimento baseado em um CNIS correto tem uma análise muito mais fluida.

No momento da solicitação, a organização e a qualidade dos documentos digitalizados são essenciais. Apresente todos os documentos necessários de uma só vez, em arquivos legíveis e bem identificados. Um pedido completo e bem instruído desde o início tem muito menos chances de cair em exigência e, consequentemente, de sofrer atrasos.