Por que a máquina de exportação da China se mantém ativa apesar das tarifas dos EUA
As exportações da China para os Estados Unidos caíram significativamente devido a altas tarifas impostas durante a administração do ex-presidente Donald Trump. No entanto, o impacto dessa queda pode não ser tão severo quanto se esperava.
De acordo com economistas, a demanda de outros países tem ajudado a mitigar os efeitos negativos das tarifas americanas. Em maio, as exportações chinesas para os EUA despencaram quase 35% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, após os anúncios das tarifas. Apesar dessa queda, as exportações totais da China ainda cresceram cerca de 5% no mesmo mês, já que a troca comercial começou a se direcionar a outros mercados. Em junho, mesmo com um acordo de pausa nas tensões comerciais, as remessas para os EUA caíram 16%.
No primeiro semestre do ano, as exportações gerais da China aumentaram 5,9% em relação ao ano passado. Esse crescimento foi impulsionado por um aumento nas trocas comerciais com regiões como Sudeste Asiático, União Europeia, América Latina e Índia.
Além da análise dos economistas da ING, especialistas do banco Goldman Sachs também notaram que as exportações chinesas demonstraram resiliência, em parte devido à capacidade dos exportadores chineses de redirecionar seus produtos para outros mercados.
Embora as exportações para os EUA tenham diminuído em US$ 25,7 bilhões, esse valor foi compensado por aumentos em vendas para outras nações, resultando no crescimento total de 5,9%.
Um destaque importante é o setor de alta tecnologia. As exportações de produtos como semicondutores, baterias de lítio, veículos elétricos e peças de máquinas cresceram de forma significativa, com aumento de dois dígitos no primeiro semestre, e estão cada vez mais sendo destinadas a compradores fora dos Estados Unidos.
As exportações de automóveis da China também cresceram 8,1% no mesmo período. No ano passado, apenas 2,1% das exportações de automóveis da China foram para os EUA, enquanto 14,6% foram para a União Europeia. Apesar das altas tarifas da UE, as exportações para esse bloco caíram apenas 5,2%, com quedas mais acentuadas em países como Bélgica e Alemanha, embora as remessas para Itália e Espanha tenham aumentado.
Essa diversificação nas exportações está ajudando a compensar as perdas em categorias tradicionais de produtos, como brinquedos, móveis e calçados, que sofreram bastante com as tarifas e são facilmente substituídos por fornecedores alternativos.
Os analistas projetam que o crescimento das exportações da China pode desacelerar na segunda metade do ano, especialmente com o fim dos estoques antecipados de produtos. No entanto, as exportações ainda devem ser um fator importante para o crescimento econômico do país, que visa alcançar uma expansão de cerca de 5% em 2023.
Se a economia global se mantiver estável e a demanda continuar robusta, é provável que as exportações chinesas continuem a crescer, considerando a competitividade extrema dos produtos chineses e a dificuldade que as tarifas têm em reduzir o volume geral do comércio.