Estágio na equipe Peugeot durante as 6 Horas de São Paulo
Estagiário em Ação na Equipe Peugeot TotalEnergies nas 6 Horas de São Paulo
Ainda não tinha experiência como estagiário até agora. Recentemente, entrei para a equipe Peugeot TotalEnergies, que está se preparando para a corrida das 6 Horas de São Paulo, marcada para este domingo, dia 13. Trabalhar em uma equipe de competição no Mundial de Endurance (WEC) exige não apenas vontade de aprender, mas também um bom condicionamento físico e várias habilidades.
Para esta prova, a equipe Peugeot trouxe um time de 60 pessoas, número que chega a 100 em Le Mans, além de containers recheados de peças de reposição, equipamentos, alimentos, computadores e, claro, os carros. Minha tarefa inicial será trabalhar com os pneus.
Antes de qualquer atividade prática, todos participaram de um “track walk”, uma caminhada pela pista de Interlagos. O objetivo é reconhecer o traçado, o asfalto e os principais pontos de atenção. Para os pilotos, esse momento é fundamental para se concentrarem e trocarem experiências. Um dos pilotos, Malthe Jakobsen, de 21 anos, estava realizando essa caminhada na pista pela primeira vez.
Durante o track walk, membros de outras equipes também analisavam o asfalto recém recapeado, que possui cortes para escoamento de água. Essas análises são essenciais para calcular a durabilidade dos pneus e planejar as estratégias de pit stop durante a corrida, que pode exigir até cinco trocas.
Os integrantes da equipe Peugeot prestaram atenção especial às zebras, ralos e desníveis na pista. Aproximadamente 4.309 metros de extensão, o traçado de Interlagos é considerado desafiador, devido às suas curvas e variações de altitude, que exigem muito dos carros e das equipes.
Mathieu Neuville, engenheiro chefe da equipe, destacou que, mesmo que nem todos os pilotos queiram participar do track walk, a prática é sempre realizada. Ele também compartilhou que já enfrentou surpresas anteriormente com as variações de altitude da pista.
O engenheiro ressaltou que Interlagos possui um traçado menor, com curvas técnicas, mas que pode ser estreito para os Hypercars, os carros de corrida de ponta que competem com os veículos GT3, que são mais lentos. A equipe precisará realizar ajustes aerodinâmicos e de motorização nos Peugeot 9X8 para garantir o melhor desempenho.
O Peugeot 9X8 é equipado com um motor V6 biturbo de 680 cv e um motor elétrico dianteiro de 272 cv, que entra em ação a partir de 150 km/h. O motor a gasolina e o elétrico trabalham juntos, com a potência do motor elétrico sendo descontada do total permitido pelo regulamento.
Após o reconhecimento da pista, os pilotos passam para o treinamento das trocas de comando dos carros. Durante a corrida, eles precisam ser rápidos e eficientes, já que o processo de troca de pilotos deve ser sincronizado com o reabastecimento e outras operações. O sistema de troca é ágil, com o piloto saindo do carro e levando seu assento, enquanto o próximo piloto entra rapidamente.
Além disso, a troca de pneus é um momento crítico. Os carros são levantados automaticamente com o uso de um sistema pneumático. Uma equipe realiza a troca de pneus dianteiros e outra equipe cuida dos traseiros, fazendo tudo em sincronia.
Os pneus são pesados e, ao serem carregados, devem ser manuseados corretamente para evitar lesões. Os mecânicos usam pistolas pneumáticas para retirar as porcas das rodas, o que exige técnica e precisão.
Na reta final do dia, aprendi sobre a preparação dos pneus. Foram selecionados conjuntos para condições de pista molhada, pneus médios e duros. Minha primeira tarefa foi a de colar uma fita de alumínio sobre os pesos de balanceamento, para garantir que não se soltassem devido ao calor e à alta velocidade.
Um dos procedimentos que mais chamou a atenção foi o de encher os pneus com a pressão correta, que deveria ser de 2 bar. Infelizmente, percebi que precisava de mais prática para lidar com as ferramentas, especialmente ao colocar a válvula de forma adequada.
Por fim, a configuração dos sensores de monitoramento dos pneus foi um processo rápido e essencial. O sistema permite a verificação da pressão e temperatura de cada pneu individualmente.
Esse foi apenas o primeiro dia de trabalho. No dia seguinte, fui convidado a acompanhar o segundo treino livre no box, onde pude observar a equipe se preparando para as competições. O ambiente é de total concentração, com os responsáveis coordenando a dinâmica dos carros e a comunicação com os pilotos, que é fundamental para o sucesso da equipe.
Enquanto a equipe de mecânicos se organizava para a entrada dos carros no pit lane, compreendi a importância de cada pessoa do time na busca pela vitória. Agora, resta apenas a corrida, onde, além da adrenalina da competição, minha preocupação está em garantir que os pneus estejam perfeitamente preparados.