ETF de bitcoin: o que é, como investir e quais os riscos envolvidos

O mercado de criptomoedas, antes um nicho para entusiastas de tecnologia, tem se consolidado como uma classe de ativos relevante no cenário financeiro global. O bitcoin, como pioneiro e principal expoente desse universo, atrai a atenção de um número crescente de investidores que buscam diversificação e potencial de valorização.

Contudo, a complexidade técnica envolvida na compra e na custódia direta de criptoativos ainda representa uma barreira para muitos. A necessidade de lidar com carteiras digitais, chaves privadas e a preocupação com a segurança cibernética afastam investidores que preferem a familiaridade e a regulamentação do mercado tradicional.

É nesse contexto que surgem os ETFs (Exchange Traded Funds) de bitcoin. Esses fundos de investimento, negociados em bolsas de valores como se fossem ações, oferecem uma ponte entre o mundo das criptomoedas e o sistema financeiro convencional, simplificando o acesso ao ativo digital mais famoso do mundo.

A chegada e a popularização desses produtos financeiros representam uma nova fase na maturação do mercado cripto. A compreensão sobre o seu funcionamento, as vantagens e, principalmente, os riscos envolvidos é fundamental para quem deseja se expor ao bitcoin de forma mais prática e regulamentada.

O que é um ETF de bitcoin e como ele funciona

Um ETF, ou Fundo de Índice Negociado em Bolsa, é um tipo de fundo de investimento que tem como objetivo replicar o desempenho de um determinado ativo ou de um índice de referência. No caso de um ETF de bitcoin, o fundo busca acompanhar a variação de preço da própria criptomoeda, permitindo que os investidores se exponham a ela.

O funcionamento é relativamente simples. Uma gestora de recursos cria o fundo, que pode adquirir o bitcoin diretamente no mercado ou investir em contratos futuros da criptomoeda. As cotas desse fundo são, então, negociadas na bolsa de valores, como a B3 no Brasil (b3.com.br), permitindo que qualquer investidor as compre e venda como se fossem ações de uma empresa.

Dessa forma, ao comprar uma cota de um ETF de bitcoin, o investidor não está adquirindo a criptomoeda em si, mas sim uma participação em um fundo que reflete sua cotação. Isso elimina a necessidade de o investidor se preocupar com a complexidade técnica da custódia de criptoativos, como o gerenciamento de carteiras digitais e chaves privadas.

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Quais são os principais ETFs de bitcoin disponíveis no mercado

No mercado brasileiro, os investidores já contam com algumas opções de ETFs de bitcoin listados na B3. Um dos pioneiros e mais conhecidos é o QBTC11, gerido pela QR Asset Management (qrasset.com.br). Este fundo busca replicar o desempenho do bitcoin por meio da compra do ativo físico, oferecendo uma exposição direta à criptomoeda.

Outra opção relevante é o BITH11, da gestora Hashdex (hashdex.com/pt-BR), que também segue a variação do bitcoin e se tornou uma alternativa popular para os investidores no Brasil. Ambos os fundos são regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que confere uma camada adicional de segurança regulatória para a operação.

No cenário internacional, especialmente após a aprovação dos ETFs de bitcoin à vista nos Estados Unidos em 2024, a oferta de produtos se expandiu consideravelmente. Fundos de grandes gestoras, como o IBIT da BlackRock (blackrock.com/br) e o FBTC da Fidelity (fidelity.com), se tornaram gigantes em volume de negociação, atraindo um grande fluxo de capital de investidores institucionais e de varejo.

Vantagens de investir em ETF de bitcoin em vez do ativo direto

A principal vantagem de investir em um ETF de bitcoin é a simplicidade. O processo de compra e venda de cotas na bolsa de valores é familiar para a maioria dos investidores e pode ser feito por meio de qualquer corretora de valores tradicional. Isso elimina a curva de aprendizado associada à negociação em exchanges de criptomoedas.

A segurança é outro ponto forte. A custódia dos bitcoins, que no investimento direto é uma responsabilidade do próprio investidor, fica a cargo de empresas especializadas contratadas pela gestora do fundo. Isso mitiga os riscos de perda de ativos por ataques de hackers, perda de senhas ou problemas com dispositivos de armazenamento.

Além disso, os ETFs são produtos financeiros regulamentados, o que oferece uma maior proteção ao investidor. As gestoras são fiscalizadas por órgãos como a CVM, e as operações seguem as regras da bolsa de valores. A tributação também é simplificada, seguindo as mesmas regras de outros investimentos de renda variável.

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Como começar a investir em ETF de bitcoin pela bolsa

O primeiro passo para começar a investir em um ETF de bitcoin é ter uma conta aberta em uma corretora de valores que opere na B3. O processo de abertura de conta em uma corretora é, em geral, simples e pode ser feito de forma totalmente online, exigindo o envio de documentos de identificação e a criação de um perfil de investidor.

Com a conta aberta e os recursos financeiros transferidos para ela, o próximo passo é acessar a plataforma de negociação da corretora, conhecida como home broker. Nessa plataforma, o investidor deve buscar pelo código de negociação (ticker) do ETF de bitcoin que deseja comprar, como QBTC11 ou BITH11.

Ao encontrar o ETF, basta enviar uma ordem de compra, especificando a quantidade de cotas que deseja adquirir e o preço que está disposto a pagar. A ordem será executada quando houver um vendedor disposto a negociar pelo mesmo preço. Após a compra, as cotas do ETF passarão a fazer parte da carteira de investimentos do usuário.

ETF de bitcoin o que é, como investir e quais os riscos envolvidos
A volatilidade do bitcoin é um fator de risco que se reflete diretamente no desempenho dos ETFs que acompanham a criptomoeda – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

Quais são os riscos de aplicar em ETF de bitcoin

Apesar das vantagens, investir em um ETF de bitcoin não é isento de riscos, e o principal deles é a alta volatilidade do ativo subjacente. O preço do bitcoin é conhecido por suas grandes oscilações em curtos períodos de tempo, e o valor das cotas do ETF irá acompanhar essas flutuações, o que pode resultar em perdas significativas.

Outro risco a ser considerado é o de mercado. Fatores macroeconômicos, mudanças regulatórias em diferentes países ou até mesmo notícias e eventos específicos do universo cripto podem afetar a cotação do bitcoin e, consequentemente, o desempenho do ETF. A liquidez do fundo também é um ponto de atenção, embora os principais ETFs costumem ter um bom volume de negociação.

Por fim, existe o risco de gestão. Embora as gestoras dos ETFs sejam empresas regulamentadas e especializadas, o investidor depende de sua capacidade de administrar o fundo de forma eficiente e de garantir a segurança da custódia dos ativos. É fundamental escolher ETFs de gestoras com boa reputação e histórico no mercado.

ETF de bitcoin é seguro? O que dizem os especialistas

A segurança de um ETF de bitcoin pode ser analisada sob duas óticas: a segurança da estrutura do investimento e a segurança do ativo em si. Do ponto de vista da estrutura, os ETFs negociados em bolsa são considerados produtos seguros, pois são regulamentados e fiscalizados por autoridades financeiras, oferecendo proteção ao investidor.

Especialistas em finanças concordam que, para o investidor que deseja se expor ao bitcoin, mas não tem conhecimento técnico ou não quer lidar com a complexidade da autocustódia, os ETFs são a forma mais segura de fazê-lo. A estrutura do fundo transfere a responsabilidade da segurança dos ativos para profissionais.

Contudo, do ponto de vista do ativo, a segurança é relativa. O bitcoin, como um ativo de renda variável e altamente volátil, carrega um risco de mercado intrínseco. Os especialistas são unânimes em recomendar que o investimento em criptoativos, mesmo por meio de ETFs, seja feito com cautela e represente apenas uma pequena parcela da carteira total do investidor.

Diferença entre ETF de bitcoin à vista e ETF futuro

Existem dois tipos principais de ETFs de bitcoin, que se diferenciam pela forma como replicam o desempenho da criptomoeda: o ETF à vista (spot) e o ETF de contratos futuros. A diferença entre eles é fundamental e tem implicações diretas na performance e no risco do investimento.

O ETF de bitcoin à vista, ou spot, é aquele que investe diretamente na compra do bitcoin físico. A gestora do fundo adquire as moedas digitais no mercado e as armazena em carteiras seguras. Esse modelo oferece uma exposição mais direta e pura ao preço do bitcoin, e sua performance tende a ser muito próxima da variação do ativo.

Já o ETF de contratos futuros não compra o bitcoin diretamente. Em vez disso, ele investe em contratos derivativos que apostam no preço futuro da criptomoeda. Embora também acompanhe a tendência do bitcoin, seu desempenho pode ser afetado por outros fatores, como os custos de rolagem dos contratos, e pode apresentar um “erro de rastreamento” em relação ao preço à vista.

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Vale a pena investir em ETF de bitcoin em 2025?

A decisão de investir em um ETF de bitcoin em 2025 depende do perfil de risco e dos objetivos de cada investidor. A aprovação dos ETFs à vista nos Estados Unidos trouxe uma nova onda de legitimidade e de fluxo de capital para o mercado, o que, para muitos analistas, pode sustentar uma tendência de valorização a longo prazo.

Para o investidor que acredita no potencial do bitcoin como uma reserva de valor ou como uma tecnologia disruptiva, mas que preza pela segurança e pela simplicidade do mercado tradicional, o ETF se apresenta como uma excelente porta de entrada. Ele permite a diversificação da carteira com um ativo descorrelacionado dos mercados tradicionais.

No entanto, é preciso ter em mente a alta volatilidade e os riscos associados. O investimento em ETF de bitcoin deve ser considerado de alto risco e, portanto, deve ocupar uma pequena porcentagem do portfólio total. A consulta a um assessor de investimentos pode ajudar a definir se essa classe de ativos é adequada para a sua estratégia.