YouTube Shorts ou vídeos longos: o que dá mais resultado em 2025?

O cenário da criação de conteúdo no YouTube passa por uma transformação contínua, colocando criadores diante de um dilema estratégico: focar na produção de vídeos curtos e virais, os Shorts, ou investir no formato tradicional de vídeos longos, que historicamente sustentam a plataforma. A resposta para qual formato gera mais resultado não é simples e depende dos objetivos de cada canal.

A ascensão dos vídeos curtos, impulsionada por outras redes sociais, levou o YouTube a criar sua própria ferramenta, os Shorts, que rapidamente se popularizaram entre os usuários. Essa nova dinâmica, contudo, gerou uma competição interna pela atenção da audiência, desafiando o modelo de consumo e de receita que consagrou a plataforma.

Para os criadores de conteúdo, essa bifurcação de formatos exige uma navegação cuidadosa. Cada tipo de vídeo é regido por lógicas de algoritmo distintas, atende a expectativas diferentes do público e possui modelos de monetização próprios, com vantagens e desvantagens que precisam ser bem compreendidas.

Uma estratégia de conteúdo bem-sucedida em 2025, portanto, não se baseia em uma escolha excludente entre um formato e outro. O caminho mais eficaz reside na compreensão das forças de cada um e na habilidade de combiná-los de forma coesa para atrair, engajar e reter a audiência, construindo um canal sólido e rentável.

O que são os YouTube Shorts e como funcionam

Os YouTube Shorts são vídeos verticais de curta duração, com no máximo 60 segundos, projetados especificamente para o consumo em dispositivos móveis. Eles foram introduzidos pelo YouTube como uma resposta direta à crescente popularidade de formatos similares em outras plataformas, visando capturar a atenção de um público que prefere conteúdo rápido e dinâmico.

O funcionamento dos Shorts é baseado em um feed de rolagem infinita, semelhante ao de outras redes sociais de vídeos curtos. Quando um usuário acessa a aba “Shorts” no aplicativo do YouTube, o algoritmo apresenta um fluxo contínuo de vídeos de diversos criadores, muitos dos quais o usuário ainda não segue, facilitando a descoberta de novos canais.

A criação de um Short é simplificada pela própria plataforma. O aplicativo do YouTube oferece ferramentas de edição que permitem gravar múltiplos clipes, adicionar músicas de uma vasta biblioteca licenciada, incluir textos na tela e aplicar filtros. Essa acessibilidade na produção permite que criadores possam postar com maior frequência e agilidade.

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Quais as vantagens de produzir vídeos curtos para o YouTube

A principal vantagem de produzir YouTube Shorts é o seu potencial de alcance e descoberta. O algoritmo do feed dos Shorts é projetado para testar o conteúdo com novas audiências de forma agressiva. Um vídeo curto e cativante pode se tornar viral e ser exibido para milhões de pessoas que nunca tiveram contato com o canal, gerando um grande número de novos inscritos.

Outro benefício é a capacidade de gerar engajamento rápido. Devido à sua curta duração, a barreira para o consumo é baixa, e os espectadores são mais propensos a interagir com curtidas, comentários rápidos e compartilhamentos. Essa velocidade de engajamento sinaliza ao algoritmo que o conteúdo é relevante, aumentando ainda mais sua distribuição.

Adicionalmente, a produção de Shorts é, em geral, mais ágil e menos custosa do que a de vídeos longos. Isso permite que os criadores mantenham uma frequência de postagem mais alta, testem diferentes ideias de conteúdo rapidamente e se mantenham relevantes ao participar de tendências e memes que surgem na plataforma.

Quando vale mais a pena investir em vídeos longos na plataforma

Os vídeos longos continuam sendo o formato ideal para o aprofundamento de temas. Conteúdos que exigem explicações detalhadas, como tutoriais, aulas, documentários, análises críticas de produtos ou vlogs narrativos, necessitam de mais tempo para desenvolverem suas ideias de forma completa e satisfatória para a audiência.

Este formato é também fundamental para a construção de uma comunidade sólida e de autoridade em um determinado nicho. O tempo estendido permite que o criador estabeleça uma conexão mais profunda com seus espectadores, compartilhe suas experiências e demonstre seu conhecimento, o que gera confiança e fidelidade a longo prazo.

Além disso, os vídeos longos são o pilar financeiro da maioria dos canais consolidados. Como será detalhado adiante, o modelo de monetização para este formato é mais robusto e rentável, permitindo que os criadores sustentem suas operações e invistam na qualidade de suas produções.

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Comparativo: alcance, retenção e engajamento entre Shorts e vídeos longos

Ao comparar os dois formatos, as métricas de desempenho apresentam comportamentos distintos. Em termos de alcance, os Shorts têm um potencial superior para atingir um grande volume de não inscritos rapidamente. Já os vídeos longos costumam ter um alcance inicial mais concentrado na base de inscritos, crescendo de forma mais gradual por meio de buscas e recomendações.

A retenção é medida de formas diferentes. Para um Short, uma alta “porcentagem de visualização média” é um sinal de sucesso, indicando que a maioria assistiu ao vídeo até o fim. Para um vídeo longo, o “tempo de exibição total” e a “duração média da visualização” são mais relevantes, mostrando por quantos minutos o espectador se manteve engajado.

O engajamento também tem naturezas distintas. Nos Shorts, ele tende a ser rápido e mais superficial, como uma curtida ou um comentário breve antes de passar para o próximo vídeo. Nos vídeos longos, o engajamento costuma ser mais profundo, com comentários elaborados, debates entre os usuários e o ato de salvar o vídeo para assistir mais tarde, indicando uma conexão mais forte com o conteúdo.

YouTube Shorts ou vídeos longos o que dá mais resultado em 2025 (2)
O algoritmo do YouTube analisa métricas diferentes para Shorts e vídeos longos, como tempo de retenção e taxa de cliques, para recomendar o conteúdo – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

Como o algoritmo do YouTube trata Shorts e vídeos tradicionais em 2025

O YouTube opera com sistemas de recomendação que, na prática, funcionam como dois algoritmos semi-independentes. O algoritmo do feed dos Shorts prioriza sinais como a taxa de visualização completa (quantas pessoas assistem a tudo) e a velocidade do engajamento inicial para decidir o que mostrar em seguida na rolagem infinita.

Por outro lado, o algoritmo que promove os vídeos longos, responsável pelas recomendações na página inicial e na barra lateral “A seguir”, dá mais peso a outros fatores. A Taxa de Cliques (CTR) a partir das impressões e, principalmente, a Duração Média da Visualização (quantos minutos as pessoas assistem) são os indicadores mais fortes de um vídeo de sucesso.

Em 2025, observa-se uma tentativa cada vez maior do YouTube de criar pontes entre esses dois sistemas. O algoritmo tem usado o histórico de Shorts assistidos por um usuário para começar a recomendar vídeos longos do mesmo criador, incentivando a conversão de espectadores casuais de Shorts em uma audiência engajada de formato longo.

Monetização: qual formato gera mais receita para criadores?

Quando o assunto é receita, a resposta é clara: os vídeos longos geram uma receita por cada mil visualizações (RPM) significativamente maior do que os Shorts. Para criadores que buscam a sustentabilidade financeira, o formato tradicional continua sendo a principal fonte de renda direta da plataforma.

A razão para essa diferença está no modelo de publicidade. Os vídeos longos suportam múltiplos formatos de anúncios, como os que aparecem antes (pre-roll), durante (mid-roll) e depois (post-roll) do conteúdo. Esses espaços publicitários são mais valorizados pelos anunciantes e, consequentemente, pagam mais aos criadores.

A monetização dos Shorts funciona de forma diferente, através de um sistema de compartilhamento de receita de um “fundo para criadores”. A receita gerada pelos anúncios que aparecem entre os vídeos no feed dos Shorts é somada, e uma parte desse total é distribuída entre os criadores qualificados, com base na sua participação no total de visualizações. Esse modelo resulta em um RPM muito inferior.

Dicas para combinar Shorts e vídeos longos na sua estratégia de conteúdo

A estratégia mais eficaz em 2025 é utilizar os dois formatos de forma complementar. Uma tática poderosa é usar os Shorts como “iscas” ou trailers para o conteúdo principal. Crie clipes curtos e dinâmicos extraídos de um vídeo longo e incentive os espectadores a assistirem ao conteúdo completo, utilizando um comentário fixado ou a função de linkar vídeos.

Outra abordagem é o reaproveitamento de conteúdo. Um vídeo longo, como um podcast ou um tutorial, pode ser desmembrado em diversos Shorts, cada um focando em uma dica rápida, um momento engraçado ou um ponto importante. Isso maximiza o valor da produção original e cria múltiplos pontos de entrada para o seu canal.

Por fim, utilize os Shorts para criar conteúdo complementar que fortaleça a comunidade. Responda a perguntas frequentes dos comentários dos vídeos longos, mostre os bastidores de uma gravação, faça anúncios rápidos sobre o canal ou participe de tendências do momento. Isso cria um ecossistema de conteúdo coeso e mantém a audiência engajada entre um vídeo longo e outro.

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Erros comuns ao usar apenas um formato de vídeo

Focar exclusivamente na produção de Shorts pode levar a um crescimento rápido em número de inscritos, mas com baixa profundidade de conexão. O principal erro dessa abordagem é a dificuldade de construir uma comunidade leal e de gerar uma receita sustentável, já que o RPM é baixo. Isso pode levar ao esgotamento do criador, que precisa de um volume de visualizações astronômico para ter um retorno financeiro relevante.

Por outro lado, insistir apenas em vídeos longos, especialmente para canais novos, pode resultar em um crescimento lento e frustrante. Sem a poderosa ferramenta de descoberta dos Shorts, pode ser difícil superar a barreira inicial e alcançar um público novo que ainda não conhece o seu trabalho.

O erro fundamental, portanto, é tratar os dois formatos como concorrentes, em vez de aliados. A estratégia mais robusta e adaptada ao YouTube de 2025 é aquela que compreende os papéis distintos de cada formato. Os Shorts servem como a vitrine do canal, atraindo novos olhares, enquanto os vídeos longos são o conteúdo principal, responsável por fidelizar e monetizar a audiência construída.