Cidade na América do Sul abriga 500 mil pessoas isoladas na floresta
No coração da floresta amazônica, existe uma cidade incrível chamada Iquitos, no Peru. O que a torna tão peculiar? Bem, ela abriga cerca de 500 mil moradores, mas não tem acesso por rodovia! Isso mesmo: para chegar até lá, você só pode ir de avião ou navegando pelo majestoso rio Amazonas por dias. Uma experiência única, não acha?
Iquitos se destaca como a maior cidade do mundo sem conexão terrestre. Sua história é fascinante, marcada por um passado de esplendor que surgiu a partir da exploração do látex no século XIX. E, ao contrário do que muitos podem pensar, não é apenas uma vilazinha perdida na selva; é um verdadeiro símbolo de resistência ao isolamento geográfico, que persiste até hoje.
Um passado marcado pelo ciclo da borracha
O crescimento de Iquitos começou em torno de 1880, durante o que chamamos de ciclo da borracha. A região se tornou um dos principais fornecedores de látex para o mundo, atraindo empresas, incluindo a Ford, que estavam em busca de matéria-prima para a fabricação de pneus e outros produtos industriais.
Os indígenas eram os responsáveis por transportar o látex até os portos fluviais, de onde seguia para os Estados Unidos e Europa. Mas a festa não durou para sempre. Em 1914, denúncias sobre abusos trabalhistas começaram a aparecer, e a invenção do caucho sintético tornou o látex amazônico menos viável economicamente. Com isso, a economia da borracha desmoronou e Iquitos ficou ainda mais isolada, sem que rodovias fossem construídas para ligá-la ao restante do Peru.
Como chegar a Iquitos em pleno 2025?
Embora esteja isolada por terra, Iquitos ainda é acessível através de voos ou embarcações. O Aeroporto Internacional Coronel FAP Francisco Secada Vignetta oferece voos diários de Lima para Iquitos, com uma duração de cerca de 1h40. O trajeto pelo rio pode levar até uma semana, dependendo da embarcação e das condições do clima.
E o isolamento não é por falta de tentativas! Há anos, governos têm estudado a construção de uma rodovia para ligar Iquitos a Saramiriza, mas os desafios são gigantes. O solo por lá é instável, as áreas alagadas são comuns, e os danos ao meio ambiente seriam significativos. Até agora, nenhum projeto saiu do papel.
Uma cidade real, com ruas e motos, mas sem estrada
Iquitos não é uma simples aldeia na floresta. A cidade se estende por mais de 368 km² e tem uma estrutura urbana típica de um grande centro. Por lá, você vê motos, mototáxis e carros — todos que chegaram por via aérea ou fluvial.
Curiosamente, o custo de vida em Iquitos é um dos mais altos do Peru, só ficando atrás de Cusco. Isso acontece porque trazer alimentos, combustíveis e outros produtos para a cidade é um desafio logístico. As estações do ano também são diferentes: em vez de falar de temperaturas, os moradores falam sobre as variações do rio, que tem seus períodos de "vazante" de abril a setembro e de "cheia" de outubro a março.
Ecoturismo e desafios ambientais
Iquitos também é um dos grandes destinos de ecoturismo da América do Sul. A cidade é a porta de entrada para quem quer explorar a biodiversidade da Amazônia, com passeios por rios, trilhas na floresta e até visitas a aldeias indígenas. A expectativa é que mais de 90 mil turistas passem por lá anualmente, em busca de aventuras.
Entretanto, o futuro de Iquitos enfrenta desafios. A cada nova proposta de estrada, o medo do desmatamento aumenta. Expertos alertam que a construção de rodovias em áreas como a Amazônia geralmente leva à exploração madeireira, mineração ilegal e conflitos territoriais. A ONG Amazon Conservation enfatiza que cidades isoladas como Iquitos têm um papel crucial na preservação da floresta, mas precisam de alternativas sustentáveis para evitar a vulnerabilidade.
Um exemplo único de urbanização sem asfalto
Iquitos é realmente um exemplo raro. Em tempos em que o mundo fala de carros elétricos e conectividade, a cidade continua vivendo à sua maneira, sem nenhuma estrada ligando-a ao restante do país. Esse isolamento se tornou parte de sua identidade.
Para quem se aventurar a visitar, pode parecer que o visitante está em outro planeta. Mas tudo o que é preciso é um voo de Lima e um pouco de espírito aventureiro para explorar essa vibrante parte da Amazônia, que segue seu próprio ritmo — e caminho.