O tendão de Aquiles vai além de um simples termo médico. Ele carrega consigo uma rica história que vem da mitologia grega, envolvendo heroísmo, invulnerabilidade e tragédia. Esse tendão, que é essencial para o movimento humano, tem um nome que remete a Aquiles, um dos heróis mais emblemáticos da antiguidade.
Na mitologia, Aquiles se destacou como o maior guerreiro da Guerra de Troia. Sua vida já estava marcada por profecias desde antes de seu nascimento. Sua mãe, Tétis, era uma poderosa deusa do mar e atraiu a atenção de deuses como Zeus e Poseidon, que disputavam seu amor.
Ao descobrir que Aquiles teria um destino trágico, Tétis decidiu agir. Para protegê-lo, levou-o ao rio Estige, cujas águas mágicas garantiriam invulnerabilidade a quem as tocasse. No entanto, ela o segurou pelo calcanhar durante o mergulho, deixando essa parte vulnerável.
Crescendo, Aquiles se tornou um guerreiro invencível, derrotando inimigos em várias batalhas. Mas, no calor da Guerra de Troia, ele foi atingido por uma flecha que atingiu precisamente seu calcanhar, o único ponto que não havia sido banhado nas águas mágicas. Essa ferida se mostrou fatal.
Embora a morte de Aquiles não apareça na famosa “Ilíada”, de Homero, ela é contada em outras narrativas que abordam o fim da guerra. Algumas versões dizem que a flecha foi disparada por Páris, príncipe de Troia, e que poderia estar envenenada, mirando exatamente no calcanhar que ficou exposto.
A conexão entre o herói e o tendão que conhecemos surgiu muito mais tarde. O primeiro a registrar esse vínculo foi o anatomista holandês Philip Verheyen, em 1693, que descreveu o tendão como o “cordão de Aquiles” em sua obra “Corporis Humani Anatomia”. A expressão “calcanhar de Aquiles”, utilizada para simbolizar fraquezas, só ganhou popularidade no século XIX, quase dois séculos após a menção médica original.