Campo de petróleo da Petrobras dobra produção com nova gestão

Em Sergipe, um gigante adormecido acordou. O Polo Carmópolis, considerado o mais importante campo de petróleo em terra do Brasil, passou por uma transformação impressionante. Depois de ser vendido pela Petrobras, que enfrentava um desgaste na exploração, sua produção não só voltou a crescer, como dobrou em menos de um ano sob o comando da nova operadora, a Carmo Energy.

Essa mudança representa uma nova fase para o setor de energia no Brasil. Mostra como campos maduros podem ser revitalizados com aportes significativos, mas também serve de alerta para os desafios de governança e as questões ambientais que surgem na corrida por aumento na produção.

A importância de Carmópolis como um dos maiores campos terrestres do Brasil

A história do petróleo em Sergipe começa lá em 1963, quando o campo de Carmópolis foi descoberto. Desde então, ele se tornou um dos maiores do Brasil, com estimativas de um volume original de 1,76 bilhão de barris. Essa localização não apenas destacou Sergipe no mapa do petróleo, mas também permitiu à Petrobras desenvolver tecnologias que seriam fundamentais para suas operações futuras, especialmente em alto-mar.

Carmópolis atuou como um verdadeiro laboratório para a estatal. Foi ali que muitas inovações, como a perfuração de poços horizontais e sistemas de controle remoto, foram testadas. A venda desse ativo, que carrega tanto peso histórico e simbólico, marcou o fim de uma era para a Petrobras.

A venda de US$ 1,1 bilhão: a nova era do Polo Carmópolis

Em dezembro de 2022, a Petrobras decidiu vender o Polo Carmópolis para a Carmo Energy por impressionantes US$ 1,1 bilhão. Essa empresa, uma subsidiária do grupo espanhol Cobra, entrou no Brasil com um plano ambicioso para revitalizar a área.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) renovou o contrato de concessão por mais 27 anos, até 2052. Em contrapartida, a Carmo Energy se comprometeu a investir cerca de US$ 800 milhões nos próximos 10 anos para modernizar e expandir a produção.

Os resultados impressionantes da nova gestão

Os frutos dessa nova gestão começaram a aparecer rapidamente. De uma produção baixa de 3.900 barris por dia, o campo atingiu cerca de 8.600 barris diários em dezembro de 2023. O número de poços ativos saltou de 477 para 800, um aumento significativo que reflete a eficiência das mudanças feitas na operação.

A logística também mostrou resultados positivos. Em janeiro de 2024, o Terminal Aquaviário de Aracaju registrou o maior embarque de óleo da sua história, com mais de 590.000 barris carregados em um único navio.

As preocupações ambientais e operacionais

Apesar do crescimento, o primeiro ano da Carmo Energy não foi somente de boas notícias. O relatório de segurança da ANP de 2023 apontou 38 incidentes de derramamento de óleo nas operações. E um caso grave de descarte irregular de material contaminado e radioativo em Carmópolis levantou ainda mais preocupações.

A presença desse material perigoso foi confirmada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), e a situação está sendo investigada por se tratar de um potencial crime ambiental. Isso suscitou dúvidas sobre a capacidade da nova operadora de manejar as complexidades de um campo que já opera há 60 anos.

O impacto em Sergipe: a retomada do crescimento e a geração de empregos

A revitalização do Polo Carmópolis teve um impacto direto e positivo na economia de Sergipe. Com os novos investimentos, cerca de 489 empregos diretos e 3.260 indiretos foram criados no primeiro ano, com uma ênfase especial na contratação de trabalhadores locais — mais de 70% da mão de obra é sergipana.

Esse crescimento na produção também se traduziu em um aumento nas receitas dos municípios produtores. A operação de 2023 gerou entre R$ 57 milhões e R$ 73,5 milhões em royalties, valores que são essenciais para a economia local. Um estudo da FGV revela que a cada R$ 1 bilhão investido no setor em Sergipe, podem ser gerados até 6.600 empregos na economia regional.