O que é inflação e como ela influencia nos juros, salários e investimentos

A inflação está presente no cotidiano de todos os brasileiros. Seja no supermercado, no abastecimento do veículo ou na renegociação de salários, os efeitos do aumento de preços interferem diretamente no orçamento familiar.

O conceito, apesar de amplamente divulgado, pode gerar dúvidas sobre suas causas, mensuração e consequências. Entender como ela funciona é essencial para interpretar as decisões do governo e planejar melhor as finanças pessoais.

Os índices de inflação também influenciam as taxas de juros da economia, a remuneração de investimentos e o custo da dívida pública. Portanto, é um indicador de grande relevância para empresas, investidores e consumidores.

Com base em dados oficiais, veja como a inflação é calculada, o que interfere em sua alta ou queda, e de que forma ela afeta setores essenciais da economia.

O que é inflação e como ela influencia nos juros, salários e investimentos
A inflação corrói o poder de compra e influencia a política de juros no Brasil – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

Entenda o conceito de inflação de forma simples e objetiva

Inflação é o nome dado ao aumento generalizado e sustentado dos preços de bens e serviços em um determinado período. Quando a inflação está alta, o poder de compra da moeda diminui.

Isso significa que, com a mesma quantia de dinheiro, o consumidor compra menos produtos ou serviços do que comprava anteriormente. Essa variação afeta desde itens essenciais, como alimentos e combustíveis, até serviços como transporte e educação.

Embora o aumento de preços não seja, por si só, negativo, a inflação descontrolada pode gerar instabilidade econômica, dificultar o planejamento financeiro e ampliar as desigualdades sociais.

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Como a inflação é calculada e qual seu principal indicador no Brasil

A inflação é calculada a partir da variação de preços de uma cesta de bens e serviços. No Brasil, o principal índice utilizado para medir esse fenômeno é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), elaborado mensalmente pelo IBGE (ibge.gov.br).

O IPCA abrange famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos em 16 regiões metropolitanas. São analisados mais de 400 mil preços de produtos e serviços, como alimentação, habitação, transportes, saúde, vestuário e educação.

Outros índices também são utilizados, como o INPC, que foca nas famílias de menor renda, e o IGP-M, amplamente usado em contratos de aluguel. Cada indicador possui metodologia própria e é aplicado conforme a necessidade de análise.

Inflação e taxa de juros: qual a relação entre os dois fatores

A relação entre inflação e taxa de juros é direta. Quando a inflação está em alta, o Banco Central (bcb.gov.br) pode elevar a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia, para conter o consumo e desacelerar a pressão sobre os preços.

Juros mais altos encarecem o crédito, desestimulam o consumo e, com isso, contribuem para frear o aumento da inflação. Por outro lado, quando a inflação está controlada, a Selic pode ser reduzida para incentivar a atividade econômica.

Esse mecanismo é essencial para manter a inflação dentro das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (gov.br/fazenda/pt-br/assuntos/cmn), que atualmente estipula centro de 3% ao ano, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.

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O efeito da inflação no salário e no poder de compra da população

Quando os preços sobem e os salários não acompanham esse aumento, ocorre a perda de poder aquisitivo. Em termos práticos, significa que a população precisa de mais dinheiro para manter o mesmo padrão de consumo.

A inflação elevada compromete o orçamento das famílias, especialmente das que possuem renda mais baixa. Alimentos, energia elétrica e combustíveis são itens sensíveis e com grande peso na inflação.

Por esse motivo, salários, pensões e benefícios como o mínimo precisam ser reajustados periodicamente com base nos índices inflacionários, para preservar o poder de compra da população.

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A alta da inflação afeta setores essenciais como alimentação, habitação e transportes – Crédito: Jeane de Oliveira / pronatec.pro.br

Investimentos e inflação: quais aplicações protegem melhor seu dinheiro

A inflação também afeta os rendimentos de aplicações financeiras. Quando a inflação supera o retorno de um investimento, o ganho real é negativo, ou seja, o investidor perde poder de compra.

Para proteger o capital, há alternativas atreladas diretamente ao IPCA, como o Tesouro IPCA+ e algumas debêntures e CDBs indexados. Essas opções oferecem rentabilidade composta por uma taxa fixa somada à inflação do período.

Além disso, fundos de investimento e fundos imobiliários também podem incluir ativos com correção inflacionária. A diversificação e o acompanhamento do cenário econômico são fundamentais para preservar o valor real do dinheiro.

Diferença entre inflação acumulada, mensal e projetada

A inflação mensal indica a variação de preços registrada em um período de 30 dias. Já a inflação acumulada considera os últimos 12 meses, refletindo uma tendência de médio prazo.

Por sua vez, a inflação projetada é uma estimativa feita por analistas e instituições financeiras com base em expectativas de mercado, variáveis econômicas e decisões de política monetária.

Esses três indicadores ajudam empresas, consumidores e o governo a tomar decisões mais informadas sobre contratos, reajustes e planejamento de longo prazo.

Como o governo tenta controlar a inflação no país

O controle da inflação é uma das funções principais do Banco Central. A instituição utiliza a política monetária, principalmente a taxa Selic, como instrumento para influenciar o nível de atividade econômica e os preços.

Além dos juros, o governo pode adotar medidas fiscais, como redução de tributos ou revisão de gastos públicos, e medidas cambiais, influenciando o valor do dólar e das importações.

As metas de inflação, definidas com base em projeções de crescimento, consumo e investimentos, orientam as ações de controle. Quando essas metas não são atingidas, o Banco Central precisa justificar as razões.

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Quais setores da economia mais sofrem com a inflação elevada

Setores ligados ao consumo doméstico, como alimentação, transportes e energia, são os primeiros a sentir os efeitos da inflação. Esses segmentos impactam diretamente o custo de vida das famílias.

A indústria também sofre com o aumento de custos de produção, matérias-primas e logística. Com preços elevados, empresas precisam repassar esses custos, o que pode reduzir a demanda e frear a produção.

O setor de serviços, especialmente o de baixa margem, enfrenta dificuldades para reajustar preços com a mesma velocidade da inflação, o que compromete a rentabilidade e pode levar a cortes de pessoal ou ajustes operacionais.