3I/ATLAS não apresenta cauda visível ou marcas espectrais

Nova Análise Sobre o Cometa 3I/ATLAS

Um estudo recente sobre o cometa 3I/ATLAS revelou que ele apresenta cores avermelhadas e não apresenta cauda visível, característica comum em cometas. Os autores do estudo sugerem que essas observações podem ser atribuídas à forma como o objeto é observado e à sua baixa produção de poeira.

Em uma discussão anterior, levantei a hipótese de que a elongação percebida nas imagens do 3I/ATLAS poderia ser um artefato causado por seu movimento. Essa ideia foi fortemente criticada por alguns blogueiros, que defendiam que a aparência indicava uma cauda típica de cometas. Com as novas evidências, surge novamente a dúvida: será que o 3I/ATLAS é realmente um cometa?

O novo estudo não aborda essa possibilidade, mas ressalta a importância de um monitoramento contínuo do objeto enquanto ele se aproxima do periélio, ou seja, o ponto mais próximo do Sol. Os pesquisadores enfatizam que a coleta de dados ao longo do tempo ajudará a entender melhor as características e a composição desse corpo celeste, que é uma novidade em nosso sistema solar.

Recentemente, várias vozes – mesmo de não cientistas – têm rejeitado a ideia de que 3I/ATLAS possa ser algo além de um cometa. À medida que o objeto se aproxima do Sol, será possível medir suas características de forma mais precisa. Se o 3I/ATLAS continuar a mostrar falta de moléculas baseadas em carbono ou uma cauda visível, especialistas em cometas terão explicar seu comportamento de maneira diferente, talvez considerando-o um "cometa escuro", como sugerido antes em relação a outro corpo celeste.

Em uma primeira análise que publiquei sobre o 3I/ATLAS, indiquei que um objeto de 20 quilômetros de largura poderia aparecer no nosso sistema solar uma vez a cada 10 mil anos. No entanto, 3I/ATLAS foi identificado recentemente, desafiando essa expectativa. Além disso, a trajetória do 3I/ATLAS se alinha incrivelmente com o plano eclíptico, com uma probabilidade de apenas 0,2%. O seu momento de entrada no sistema solar é também muito próximo de planetas como Júpiter, Marte e Vênus, com uma probabilidade de 0,005%.

Durante entrevistas recentes, fui perguntado sobre a possibilidade de 3I/ATLAS ser um objeto tecnológico e classifiquei-o com um "6" em uma escala de 0 a 10, onde 10 representa um objeto claramente tecnológico. Essa avaliação pode mudar à medida que novas informações se tornem disponíveis. É fundamental manter a mente aberta em ciência e considerar todas as hipóteses, inclusive questões sensíveis que podem gerar polêmica.

Os dados espectroscópicos mais recentes sobre o 3I/ATLAS não mostram características típicas de gases atômicos ou moleculares, esperados em um coma de cometa. A coloração avermelhada observada pode ser interpretada como poeira ou até mesmo uma superfície avermelhada do objeto em si.

Uma situação intrigante nas redes sociais é a resistência de grupos que defendem a busca por vida extraterrestre em aceitar a ideia de que 3I/ATLAS possa ser tecnologia alienígena. Isso é contraditório ao seu compromisso de investigar todas as anomalias. No entanto, essa resistência não afeta meu trabalho científico, que já resultou em quatro publicações sobre 3I/ATLAS.

Em resumo, a resposta final desse mistério dependerá das evidências coletadas nos próximos meses. A ciência deve ser um processo de aprendizado contínuo, livre de preconceitos, onde todas as questões são válidas até que dados concretos sejam obtidos.

Nos últimos dias, foram adicionadas novas análises a um estudo anterior que propõe usar a sonda Juno para investigar 3I/ATLAS quando passar a 54 milhões de quilômetros de Júpiter, em março de 2026. As análises indicam que é possível aproximar a Juno a 25 milhões de quilômetros do cometa utilizando apenas 60 quilos de combustível, menos de 3% do que a sonda tinha inicialmente. A expectativa é que a NASA considere essa proposta, contribuindo para a exploração da nossa vizinhança cósmica. A ciência ainda tem muito a descobrir e aprender.